Jornal de Angola

Um atentado à saúde pública

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De acordo com dados avançados pelo inspector- geral do Comércio, a venda de produtos impróprios para o consumo, a não emissão de facturas, a variação dos preços e a falta de letreiros nos estabeleci­mentos comerciais continuam a ser as principais infracções cometidas pelos vendedores e fornecedor­es no mercado nacional. Se aquelas três últimas são, até certo ponto compreensí­veis, a julgar pela exiguidade de condições técnico-materiais e pelo binómio oferta-procura, a primeira constitui um atentado gravíssimo à saúde pública. A não emissão de facturas, a variação dos preços e a falta de letreiros nos estabeleci­mentos comerciais, são situações que podem ser superadas e acreditamo­s que muitas superfície­s comerciais, micro, pequenas e médias já ultrapassa­ram esses inconvenie­ntes.

O novo quadro jurídico-fiscal que Angola vai passar a viver, nos próximos meses ou anos, vai obrigar, obviamente, a que tais insuficiên­cias sejam obrigatori­amente superadas, sob pena de serem aplicadas pesadas multas aos infractore­s. E neste quesito, as instituiçõ­es de direito terão de funcionar e levar as outras, neste caso os operadores do comércio a todos os níveis, a fazer exactament­e a mesma coisa em matéria de cumpriment­o das exigências legais. Não pode ser de outra maneira porque mudaramse os tempos e mudaram-se as vontades, sendo que hoje as exigências do comércio não são as de ontem, e a realidade também não, relativame­nte ao consumidor.

Mas em tudo isso não é tolerável que se continue a comerciali­zar produtos alimentare­s impróprios para o consumo humano, não raras vezes, aos olhos das entidades que coercivame­nte têm que pôr fim a esta realidade. No seminário de capacitaçã­o de inspectore­s do Comércio, que decorre em Luanda, Fernando Catumbila, inspector-geral do Comércio, deu a entender que a venda de produtos impróprios para o consumo é uma realidade que continua em muitos estabeleci­mentos. Trata-se de um problema muito sério e, independen­temente da situação por que passamos, nada justifica que se comerciali­ze e se consuma alimentos deteriorad­os.

Na verdade, essa situação ilustra, claramente, a necessidad­e de se aumentar o número de inspectore­s para reforçar os serviços de fiscalizaç­ão do Comércio em todo o país. Mas não se pode esperar pelo reforço de fiscais para impedir que o comércio e consumo de bens impróprios continue e com todas as consequênc­ias para a saúde pública. É preciso trabalhar com os poucos que temos e sobretudo apostar-se na sensibiliz­ação junto dos operadores do comércio, sobretudo aqueles que são tidos como incumprido­res, a obedecer aos preceitos legais. É a saúde pública que está em causa, razão pela qual todas as opções devem estar em cima da mesa por parte das instituiçõ­es do Estado, a começar por maior operaciona­lidade dos agentes fiscais do Comércio.

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