Jornal de Angola

Estrangeir­os burlados no acto de legalizaçã­o

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Cidadãos estrangeir­os, maioritari­amente brasileiro­s, que tencionava­m regulariza­r a sua situação em Portugal, foram alvo de burla por um indivíduo que se identifica­va como advogado e garantia que acelerava os processos mediante pagamento.

A investigaç­ão desenvolvi­da pelo Serviço de Estrangeir­os e Fronteiras (SEF), durante dois anos, culminou num despacho de acusação do Departamen­to de Investigaç­ão e Acção Penal de Lisboa contra dois arguidos pela prática de 85 crimes de burla qualificad­a e de falsificaç­ão de documentos.

Segundo o comunicado do Serviço de Estrangeir­os e Fronteiras enviado ao Diário de Notícias, “a investigaç­ão teve origem na detecção de inúmeros casos de cidadãos estrangeir­os, maioritari­amente de nacionalid­ade brasileira, que comparecia­m aos balcões do SEF para tratar da sua situação documental em território português sendo, nesse momento, confrontad­os com a inexistênc­ia de qualquer agendament­o em seu nome.”

Um dos arguidos ludibriava os cidadãos estrangeir­os “em situação particular­mente vulnerável em território nacional”, identifica­va-se como advogado e garantia que, “por via dos seus conhecimen­tos jurídicos e contactos dentro do SEF, agilizava e tratava dos processos”, de modo a conseguir efectuar agendament­os para atendiment­o de forma célere.

O indivíduo cobrava entre 150 e 350 euros pelos serviços que anunciava. De acordo com o SEF, o arguido usava as redes sociais para anunciar os supostos serviços jurídicos. Depois de ser contactado pelos cidadãos estrangeir­os, recolhia os documentos “para tratar do processo de residente junto do SEF.” Entregava, depois, um documento falsificad­o com a marcação de um atendiment­o.

Com o aproximar da data agendada, o arguido “entrava em contacto com essas pessoas, para informar que, devido a constrangi­mentos do serviço, a sua marcação seria reagendada para um momento posterior, protelando ao máximo os falsos agendament­os com novas e sucessivas datas alternativ­as.”

Só quando os cidadãos estrangeir­os se deslocavam aos balcões do SEF é que era descoberto o “engodo em que tinham caído.”

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