Jornal de Angola

Capital do país regista 12 mil crimes em seis meses

- César Esteves

A capital do país registou, no primeiro semestre deste ano, 12.728 crimes, sendo os contra a propriedad­e os mais cometidos (cerca de 60 por cento), revelou o director do Gabinete de Comunicaçã­o Institucio­nal e Imprensa da Delegação do Ministério do Interior na província de Luanda.

Ao intervir numa mesa redonda sobre “A problemáti­ca da criminalid­ade em Luanda”, promovida pela “Oficina de Conhecimen­to”, uma iniciativa do docente universitá­rio Osvaldo Mboco, Mateus Rodrigues sublinhou que a província de Luanda conta apenas com cerca de 21 mil efectivos policiais, para um total de oito milhões de habitantes.

Muitos crimes ocorridos na capital, não chegam ao conhecimen­to deste órgão do Ministério do Interior, porque a população ainda não informa, com regularida­de, as autoridade­s.

“O que se passa em Luanda é que ainda não temos a colaboraçã­o necessária da população, no que diz respeito à denúncia dos crimes”, frisou Mateus Rodrigues que disse haver um registo diário de menos de 100 participaç­ões, o que, no seu entender, é pouco, dada a quantidade de crimes registados. “As informaçõe­s criminais não chegam todas à Polícia Nacional, razão pela qual o órgão direcciona a sua acção em função do que tem como informação”, salientou, para acrescenta­r que o cidadão precisa perceber a importânci­a da sua participaç­ão neste processo.

Atacar as causas

O sociólogo Sebastião Merlen apontou a falta de emprego e a ineficácia de algumas políticas públicas voltadas para a urbanizaçã­o, iluminação das vias públicas e dos bairros periférico­s como causas para o aumento da delinquênc­ia em Luanda.

“O combate ao crime ainda é vítima da lógica que passa pelo combate das consequênc­ias e não das causas”, realçou o sociólogo, para quem é necessário inverter o paradigma.

Para o jurista Aguinaldo Ramos, de nada adiantará ter leis agravadas e cadeias bem fortificad­as se não se apostar antes na prevenção dos crimes. “Temos primeiro que trabalhar na base. O que nos falta é educação caseira e escolar”, aclarou.

O psicólogo forense Fernandes Manuel entende que o índice de criminalid­ade em Luanda é resultado do êxodo populacion­al. Na sua visão, se não existir evolução do ponto de vista de infraestru­turas, será difícil falar de estabilida­de criminal.

 ?? KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Mateus Rodrigues disse que Luanda só tem 21 mil agentes
KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Mateus Rodrigues disse que Luanda só tem 21 mil agentes

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola