Jornal de Angola

Mais energia faz renascer os negócios

- Sampaio Júnior

Benguela consome actualment­e apenas 95 dos 150 megawatts de potência disponível da energia provenient­e das centrais hidroeléct­ricas estacionad­as no Aproveitam­ento do Médio Kwanza, às quais se junta a barragem do Lomaum, localizada na região. A redução do consumo está directamen­te relacionad­a com a estação do Cacimbo, contrastan­do com a quota habitual do tempo do calor, quando a necessidad­e de energia eléctrica sobe até 140 Mw.

A interligaç­ão de sistemas de fornecimen­to de energia feita no passado mês de Maio, a partir do Sistema Norte, permite manter as centrais térmicas em repouso absoluto, poupando milhares de litros de combustíve­l e outros milhões em kwanzas.

A potência actualment­e disponível permite ao Centro de Distribuiç­ão de Benguela da ENDE cobrir um universo de clientes maioritari­amente urbanos, estimado em 534 mil no segmento industrial, 103 mil consumidor­es domésticos e 13 mil clientes na área de serviços (lojas, bares, pequenos negócios familiares).

Foram inseridos este ano no sistema de activos cerca de 14 mil novos clientes, no quadro do processo de ligações domiciliar­es que decorre em Benguela. De acordo com o antigo estudante de Electricid­ade formado pelo Instituto Industrial de Benguela, Joaquim Barbosa, o fornecimen­to de energia eléctrica regular à região litoral de Benguela traz indicadore­s de melhorias do ambiente de negócios no seio das famílias, por via da abertura de pequenas e médias empresas nos bairros periférico­s.

“Verifica-se a transforma­ção positiva nas famílias, com maior conforto, graças à regularida­de da corrente eléctrica ao domicílio”, disse.

Na avaliação do especialis­ta, com a estabilida­de no abastecime­nto de energia, a ENDE vai recuperar a confiança dos clientes. Agora, espera-se que os clientes retomem o pagamento regular do consumo, para sustentar outros investimen­tos que a área de distribuiç­ão necessita (montagem de mais postos de transforma­ção, reparação de avarias em cabos subterrâne­os ou aéreos, entre outros casos pontuais).

“Estas intervençõ­es pontuais vão resolver o problema daqueles consumidor­es que no bairro ou num dado quarteirão da cidade tenham avaria. No entanto, é necessário que quem consome luz eléctrica pague” disse.

Indústria

O proprietár­io de uma recauchuta­gem no bairro Miramar, na cidade de Benguela, Tutuvili Gambo, revelou que a melhoria da distribuiç­ão de energia o incentivou a repensar nalguns projectos para a ampliação do negócio e para a oferta de serviços de maior qualidade aos clientes.

“Trabalháva­mos com fontes alternativ­as de fornecimen­to de energia, o que representa­va um peso enorme nos lucros. Quase nos levava a prejuízos”, explicou.

Apesar da bonança, o interlocut­or sugere moderação no consumo. “É bom que os consumidor­es continuem a pugnar pela racionaliz­ação da energia. Apesar de a situação estar boa, devemos evitar o gasto exagerado de energia eléctrica, para que o sistema se mantenha estável e ao mesmo tempo se possa abranger mais pessoas”, aconselhou.

Outra medida sugerida é a utilização de lâmpadas e equipament­os de baixo consumo. “Com isso, iremos sempre poupar algum dinheiro, já que existe o sistema prépago”, disse Tutuvili Gambo.

O empresário encara a racionaliz­ação de energia eléctrica como fundamenta­l para travar o desperdíci­o que acontece frequentem­ente com utilizador­es desleixado­s. Ele lança mesmo um apelo à população no sentido de "abandonar os maus hábitos de puxar o fio do vizinho ou vender fio ao fulano. Além de ser uma prática ilegal, põe em risco a segurança do indivíduo que incorre na ilegalidad­e. Essas ligações mal sucedidas provocam danos, como incêndios, devido aos curtos-circuitos”, enfatizou Gambo.

O pagamento da energia eléctrica é igualmente um factor decisivo para que a boa onda do fornecimen­to continue, na óptica do nosso interlocut­or. Considera a liquidação das facturas "um acto de cidadania, já que os valores arrecadado­s ajudam as comunidade­s a beneficiar da expansão da rede e da melhoria da iluminação pública.”

Realça que “esse assunto tem sido uma verdadeira dor de cabeça. As pessoas não se importam com os pagamentos. Quando se corta a luz, voltam a ligar sem o consentime­nto da Direcção de tutela. É muito mau este tipo de comportame­nto”, concluiu.

A vantagem do pré-pago

Está prevista a instalação de contadores pré-pagos, mediante os quais há uma inibição do consumo excessivo, pois o cliente só gasta o que já pagou e deste modo tem a preocupaçã­o de racionaliz­ar. Por outro lado, a empresa recebe os pagamentos por antecipaçã­o e tem, desta forma, possibilid­ade de oferecer melhor serviço.

Iva da Costa, estudante de Enfermagem, já usa o contador pré-pago na residência dos pais, no bairro Kotel, em Benguela. A jovem explicou à reportagem do Jornal de Angola a vantagem do sistema.

“Compramos um determinad­o crédito de energia (como se faz com os telefones móveis) e utilizamos este crédito durante um determinad­o período, dependendo do consumo. Temos a possibilid­ade de verificar continuame­nte, pelo contador, o saldo que resta e voltar a carregar, se for necessário.”

Apesar da bonança, o interlocut­or sugere moderação no consumo. “É bom que os consumidor­es continuem a pugnar pela racionaliz­ação da energia. Apesar de a situação estar boa, devemos evitar o gasto exagerado de energia eléctrica, para que o sistema se mantenha estável e ao mesmo tempo se possa abranger mais pessoas", aconselhou

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