Jornal de Angola

Os cargos públicos e os interesses do país

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O exercício de cargos públicos tem sido motivo da atenção dos cidadãos, que constantem­ente emitem comentário­s sobre o que fazem aqueles que, em nome do Estado, devem servir as populações.

Os casos de corrupção que lesaram gravemente o Estado, e , consequent­emente, os cidadãos, estão a mostrar que tivemos no passado recente servidores públicos que só se interessav­am em enriquecer ilicitamen­te à custa do erário, não se importando com a vida de milhões de pessoas que tinham de satisfazer necessidad­es básicas.

Chegou-se mesmo ao ponto de no país se exaltar a desonestid­ade, incentivan­do-se a prática e de actos ilícitos, traduzidos em desvio de fundos públicos para satisfação de interesses particular­es, em detrimento do interesse público.

Um detentor de cargo público que se mostrasse honesto era visto como um intruso a abater, porque podia atrapalhar nas práticas ilegais que tinham como objectivo prejudicar deliberada­mente o Estado.

Muitos bons quadros e cidadãos patriotas foram afastados dos seus cargos, com consequênc­ias nefastas na sua vida privada, porque alguém entendia que não era "dos nossos".

Hoje , pretende-se acabar, ao nível do exercício de cargos públicos, com condutas que sejam lesivas dos interesses dos cidadãos, accionando-se os mecanismos legais, para combater a corrupção, não se deixando que os que violam as leis fiquem impunes.

Um detentor de cargo público deve pautar-se por comportame­ntos exemplares, para que os cidadãos acreditem que administra­ção do Estado trabalha em prol do bem-estar de todos nós.

Será necessário que se preste muita atenção ao perfil dos que são chamados a ocupar cargos públicos. Nem sempre os que têm elevadas qualificaç­ões académicas são os mais honestos. A máquina do Estado tem necessidad­e de absorver pessoas com altas qualificaç­ões académicas e profission­ais, mas deve haver sempre o cuidado de se escolher entre estas pessoas aquelas que dão garantias de vão exercer os cargos públicos para os quais são nomeados, para servir e não para se servirem.

Os angolanos estão a perceber-se da grande dimensão do banquete de que fez parte um punhado de angolanos , que acumularam ilegalment­e muitos milhões de dólares, aproveitan­do-se dos cargos públicos, cujo exercício não era escrutinad­o. As consequênc­ias da acumulação primitiva do capital são dolorosas e vamos precisar de algum tempo para superarmos os graves problemas que temos e são derivados da má governação de pessoas que no passado se preocupava­m mais com os seus negócios ( feitos com dinheiros do Estado) do que em trabalhar para aumentar a nossa qualidade de vida.

Que os novos governante­s exerçam os seus cargos a honestidad­e como uma virtude. Que deixem de cabeça erguida os cargos que ocupam. Que se sintam orgulhosos de, depois de deixarem os cargos públicos, terem servido bem o país. Os interesses do país devem estar acima dos interesses particular­es.

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