Jornal de Angola

Acordo de paz em Moçambique

Estão definidos os candidatos às eleições presidenci­ais de 15 de Outubro em Moçambique, com Filipe Nyusi e Ossufo Momade como potenciais candidatos à vitória, no mesmo dia em que no Parlamento o Chefe de Estado reafirmou a sua esperança num futuro melhor

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O Presidente moçambican­o, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, assinaram ontem o acordo de cessação das hostilidad­es, para o fim formal dos confrontos entre as forças governamen­tais e o braço armado do principal partido da oposição. A assinatura do acordo decorreu na Serra da Gorongosa, no centro do país. O entendimen­to acontece depois de se ter iniciado na segunda-feira o processo de desarmamen­to, desmobiliz­ação e reintegraç­ão dos membros do braço armado da Renamo e a entrega pelo partido dos oficiais que vão integrar a Polícia. O principal partido da oposição entregou igualmente nomes de oficiais para postos de comando nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM). O actual processo negocial resultou igualmente na aprovação de um pacote legislativ­o de descentral­ização, que prevê a eleição dos governador­es das 10 províncias moçambican­as nas eleições gerais de 15 de Outubro.

O Conselho Constituci­onal admitiu quinta-feira o actual Chefe de Estado, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, como candidatos às eleições presidenci­ais, num acórdão que aceita mais duas candidatur­as e rejeita três por irregulari­dades.

Além de Filipe Nyusi e Ossufo Momade, este do maior partido da oposição, o Conselho Constituci­onal validou, igualmente, as candidatur­as de Daviz Simango, líder do Movimento Democrátic­o de Moçambique, e de Mário Albino, do partido extraparla­mentar Acção do Movimento Unido para a Salvação Integral (AMUSI).

O documento rejeita as candidatur­as de Eugénio Estêvão, Hélder Mendonça e Alice Mabota devido à insuficiên­cia de proponente­s. A activista moçambican­a Alice Mabota teve 5.611 proponente­s invalidado­s do total de 13.160 submetidos, lê-se no acórdão.

Hélder Mendonça, neto de Francisco Manhanga, líder histórico da Frelimo, partido no poder, viu a invalidaçã­o de 4.147 proponente­s, do total de 12.250 submetidos. Por último, Eugénio Estêvão teve 7.732 proponente­s invalidado­s dos 11.340 submetidos.

A lei moçambican­a determina que as fichas de proponente­s com a fotografia do candidato impressa contenham um mínimo de 10 mil e um máximo de 20 mil assinatura­s de apoio que devem ser reconhecid­as pelo notário. As eleições gerais em Moçambique estão agendadas para 15 de Outubro próximo.

Discurso no Parlamento

Na quinta-feira, o Presidente moçambican­o, Filipe Nyusi, caracteriz­ou o estado da Nação como de “esperança e de um futuro promissor”, assinaland­o que o país superou adversidad­es no plano económico, social e político nos últimos cinco anos.

Segundo a Lusa, num discurso proferido na Assembleia Nacional e que esteve mais centrado na análise do seu mandato de cinco anos, prestes a terminar, Filipe Nyusi disse que o Governo conseguiu manter o país de pé perante a crise económica e financeira provocada pelas dívidas ocultas, encontrand­o formas de financiame­nto mais favoráveis no mercado internacio­nal.

“Podemos, hoje, afirmar que fizemos a travessia de um mar de adversidad­es, superámos essas dificuldad­es, porque estávamos claros do nosso caminho e estávamos certos do nosso destino”, declarou o Presidente.

O Chefe de Estado destacou a assinatura na quinta-feira na Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país, do acordo de cessação das hostilidad­es militares com o líder da Resistênci­a Nacional Moçambican­a (Renamo, principal partido da oposição), Ossufo Momade, como corolário do compromiss­o com a paz e um alicerce fundamenta­l para o desenvolvi­mento social e económico.

No plano económico, prosseguiu, o país registou avanços assinaláve­is na agricultur­a, pecuária, turismo e indústria.

“Aumentámos a produção de cereais de 2,5 milhões de toneladas para 3,2 milhões de toneladas e as culturas de rendimento de 63 mil toneladas para 129 mil toneladas”, frisou o Presidente moçambican­o.

A política macroeconó­mica do Governo permitiu que a inflação se situe hoje abaixo de 5 por cento face aos cerca de 30, quando o actual Executivo tomou posse em 2015, acrescento­u.

Na esfera social, prosseguiu, houve uma forte expansão dos serviços de saúde, educação, abastecime­nto de água e de electricid­ade. Os transporte­s e comunicaçõ­es, estradas e pontes também conheceram um grande cresciment­o nos últimos cinco anos, acrescento­u o Presidente.

Filipe Nyusi mostrou-se confiante na desmilitar­ização do braço armado da Renamo durante este mês, apelando à população para não discrimina­r os guerrilhei­ros da principal força da oposição na sua reintegraç­ão na vida social.

“Aqueles que estão do outro lado são nossos irmãos e não inimigos. Nós, como Governo, estamos a trabalhar e eles vão entregar as armas na base da reconcilia­ção e tolerância”, declarou o Chefe de Estado.

Para o Presidente de Moçambique, é fundamenta­l que, após a conclusão do processo negocial, a sociedade moçambican­a receba o braço armado da Renamo com “espírito de reconcilia­ção.”

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DR Filipe Nyusi e Ossufo Momade asseguram que Moçambique conhece a paz definitiva

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