Casa Branca e talibãs retomam negociações
Os Estados Unidos e os talibãs iniciaram, ontem, um novo ciclo de negociações, em Doha, Qatar, para permitir a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão, onde estão há 18 anos, adiantou o porta-voz dos talibãs à imprensa.
Washington tem feito um esforço para alcançar um acordo político com os talibãs antes das eleições presidenciais afegãs, previstas para 1 de Setembro.
“Fizemos muitos progressos, conversamos”, disse, na sexta-feira, aos jornalistas o Presidente dos EUA, Donald Trump.
Em troca da retirada militar, os EUA exigem que os talibãs aceitem um cessarfogo e cortem todas as relações com a al-Qaeda.
Em Outubro de 2011, menos de um mês depois dos atentados de 11 de Setembro nos EUA, que fizeram quase três mil mortos, os EUA e os aliados da OTAN lançaram uma operação militar no Afeganistão, que se prolonga há cerca de duas década.
“Pretendemos um acordo de paz, não um acordo para uma retirada militar, um acordo de paz que permita a retirada”, disse, na conta da rede social Twitter, o enviado especial americano para o Afeganistão, Zalmay Khalilzad, à chega a Doha.
Em 27 de Julho, o Governo afegão anunciou que iniciaria este mês as conversações de paz com os talibãs, que têm estado a negociar com os EUA, por se negarem a falar com as autoridades de Cabul, que consideram ilegítimas.
“As negociações cara-acara entre o Governo do Afeganistão e os talibãs começarão dentro de duas semanas”, informou na altura, em comunicado, o Vice-Ministério para a Paz afegão.
O Executivo tem uma delegação de 15 membros, formada por elementos do Governo, religiosos e activistas, para negociar com representantes dos talibãs, com vista a alcançar um acordo de paz, depois de 18 anos de guerra.
A porta-voz do Governo, Najia Anwari, precisou à agência de notícias espanhola Efe que as conversações teriam lugar num país europeu, sem especificar qual, mas é sabido que a Alemanha e a Noruega têm estado implicadas nos esforços de paz no país.
Os talibãs têm negado, até agora, negociar com o Presidente afegão, Ashraf Ghani, por considerarem o seu Governo “ilegítimo”.
Assim, o único contacto directo que houve entre o Governo e os rebeldes foi no início deste mês numa reunião em Doha.
Até agora realizaram-se sete rondas negociais, centradas na retirada das tropas internacionais, o principal pedido dos talibãs.
Em finais de Junho, o secretário de Estado norteamericano, Mike Pompeo, afirmou durante uma visita surpresa a Cabul que espera alcançar um acordo de paz antes das eleições.