Habitantes das “3 Casas” deixam de consumir água de má qualidade
A alegria é visível,
no rosto de cada habitante das "3 Casas", bairro do município do Dande, a 60 quilómetros da cidade de Caxito, província do Bengro. Os moradores receberam, no último sábado, os biofiltros, que lhes foram prometidos. Cada um, a seu jeito, espelhava a alegria que lhe ia na alma. Um ancião de 72 anos sublinhou que os aparelhos vão ajudar a reduzir os casos de diarreia que assolam regularmente a zona.
"É uma ajuda muito grande. Que Deus abençoe esses jovens", frisou.
No bairro, a água que jorra é imprópria para o consumo, já desde a fundação, em 2003. José Mário Mangovo, director municipal da Energia e Água do município do Dande, admitiu ser do conhecimento da administração o problema vivido naquela localidade.
O responsável escusou-se a estabelecer uma data para o fim do dilema, mas garantiu haver um projecto para construção de pequenos sistemas de água na zona, que vão ser implementados em todas as localidades onde se verifica a escassez de água.
"Nãopossoavançarumadata para o fim do problema. Caso o faça, estarei a mentir", realçou.
O problema é extensivo a outros bairros das redondezas, mas a área mais problemática, em termos de abastecimento de água, segundo revelou José Mário Mangovo, é a comuna do Úcua, onde se situa o bairro das "3 Casas".
As mais de 600 pessoas que aí residem, na sua maioria camponesas, consumiam água em péssimas condições, retiradas de cacimbas que distam da zona sensivelmente um quilómetro.
Um número muito reduzido de famílias conseguia livrarse do consumo daquele líquido,
"Só este ano, morreram cinco crianças", revelou José Kazola, presidente da Comissão de Moradores do bairro "3 Casas".
Nas redondezas do bairro, passa um rio, localmente chamado "Queque", que, entretanto, não pode ajudar, porque está quase sempre seco.
Há cinco anos nas funções, o presidente da Comissão dos Moradores disse ao Jornal de Angola que já fizeram chegar a preocupação à administração municipal do Dande, mas, até ao momento, ainda não se encontrou uma solução para o problema.
"Pedem-nos para ter esperança", realçou o responsável do bairro. José Kazola disse, por outro lado, que a administração municipal prometeu construir, há já algum tempo, várias cacimbas no bairro, que funcionariam com energia solar. Mas, até agora, não se verificam indícios da aplicação do projecto.