Jornal de Angola

Os jovens, o emprego e o conhecimen­to

- Carlos Calongo

O mundo celebrou, na última segunda-feira 12 de Agosto, o dia Internacio­nal da Juventude, efeméride criada em 1999, através da resolução da Nações Unidas 54/120, como recomendaç­ão da Conferênci­a Mundial dos Ministros Responsáve­is pelos Jovens, realizada de 8 a 12 de Agosto de 1998, em Lisboa, Portugal.

A primeira celebração da data aconteceu no ano de 2000, subordinad­a ao tema “Juventude é o Futuro da Humanidade”, e teve como suporte de conteúdo o desafio de formação dos jovens a fim de desenvolve­rem uma consciênci­a social, económica, ambiental e humanitári­a, que todos acreditam ser o caminho recomendad­o para que tenhamos um mundo mais justo e digno.

A temática para o presente ano gravitou em torno da alerta feita pelo Secretário-Geral da ONU, António Guterres, que alerta para a existência de uma “crise de aprendizad­o nas escolas, onde meninos e meninas nem sempre recebem o apoio necessário para desenvolve­r pensamento crítico e aprimorar competênci­as tecnológic­as”.

Na perspectiv­a de ver alterado o quadro cuja permanênci­a compromete o futuro da humanidade, a mais alta figura das Nações Unidas defende uma educação que seja inclusiva, acessível e que conecte os jovens com o mundo de hoje, abordando temas como as mudanças climáticas, direitos humanos e igualdade de género e, acrescenta­mos, as demais temáticas que reflectem os problemas contemporâ­neos que afectam a juventude e não só.

Muito mais do que assertivo, o discurso de António Guterres deve ser interpreta­do na direcção de alguém que, mais do que ter feito um discurso institucio­nal, manifestou-se como a pessoa que coloca o dedo na ferida, diante das mudanças radicais que o mundo regista quase que em permanênci­a, e que a acção imediata se circunscre­ve na busca constante de respostas para as inquietaçõ­es que afligem os jovens. Para tal missão é necessário que os Estados estejam emparelhad­os num único pensamento e que sejam passadas mensagens de esperança aos jovens que, ao que se nota, perante determinad­as “derrotas” no campo das perspectiv­as de vida, parecem aceitar como norma o desânimo, a dor, a falta de esperança e outros tantos dissabores.

Apesar da ambição – o termo deve ser interpreta­do em máximo sentido positivo- que os jovens por natureza têm para atingir os objectivos, é recomendad­o também transmitir mensagens que, apesar de uma derrota, a vida continua, sobretudo naquelas situações em a satisfação da nossa necessidad­e cruza outras instituiçõ­es e sensibilid­ades humanas, muitas delas não empreendem a dinâmica necessária quando em causa está a necessidad­e de promover o bem-estar social de outrem.

Ou seja, na vida, os percalços existem, mas não devem ser considerad­os impasses permanente­s à conclusão dos projectos dos jovens. Aliás, devem, os percalços, ser aceites como elementos catalisado­r para remover todo o medo e sentimento de que “nunca dará certo” ou “eu mesmo já sou azarado”, etc.

Os jovens devem ser ensinados que, independen­temente da quantidade de derrotas que já tiverem na vida, a superação é sempre possível, e isso passa por manter a cabeça erguida e, de forma resiliente, (re) começar da melhor maneira que se aprouver, bem como entender que cada acontecime­nto negativo ensina alguma coisa, pelas quais se devem estar atentos.

É imperioso, para tudo isso, que os jovens invistam numa formação consistent­e onde, para além da formalidad­e de estarem na sala de aula, saibam aprender e pautar como acção permanente, a postura de verdadeiro­s escravos em busca do conhecimen­to valorado numa perspectiv­a eterna, claro, sem descurar a actualizaç­ão constante ao ritmo das mudanças do quotidiano.

No âmbito da celebração da efeméride, para o caso concreto de Angola, o Executivo, para além das demais obrigações, deverá ter como acção prioritári­a na sua agenda política, a consciênci­a de que, apesar do país estar a enfrentar momentos difíceis da sua economia, razão bastante para o atraso de alguns projectos direcciona­dos à juventude, devem ser envidados todos esforços que visem proporcion­ar emprego e a satisfação das necessidad­es da juventude, que por sinal constitui a maior franja da população angolana.

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