Os jovens, o emprego e o conhecimento
O mundo celebrou, na última segunda-feira 12 de Agosto, o dia Internacional da Juventude, efeméride criada em 1999, através da resolução da Nações Unidas 54/120, como recomendação da Conferência Mundial dos Ministros Responsáveis pelos Jovens, realizada de 8 a 12 de Agosto de 1998, em Lisboa, Portugal.
A primeira celebração da data aconteceu no ano de 2000, subordinada ao tema “Juventude é o Futuro da Humanidade”, e teve como suporte de conteúdo o desafio de formação dos jovens a fim de desenvolverem uma consciência social, económica, ambiental e humanitária, que todos acreditam ser o caminho recomendado para que tenhamos um mundo mais justo e digno.
A temática para o presente ano gravitou em torno da alerta feita pelo Secretário-Geral da ONU, António Guterres, que alerta para a existência de uma “crise de aprendizado nas escolas, onde meninos e meninas nem sempre recebem o apoio necessário para desenvolver pensamento crítico e aprimorar competências tecnológicas”.
Na perspectiva de ver alterado o quadro cuja permanência compromete o futuro da humanidade, a mais alta figura das Nações Unidas defende uma educação que seja inclusiva, acessível e que conecte os jovens com o mundo de hoje, abordando temas como as mudanças climáticas, direitos humanos e igualdade de género e, acrescentamos, as demais temáticas que reflectem os problemas contemporâneos que afectam a juventude e não só.
Muito mais do que assertivo, o discurso de António Guterres deve ser interpretado na direcção de alguém que, mais do que ter feito um discurso institucional, manifestou-se como a pessoa que coloca o dedo na ferida, diante das mudanças radicais que o mundo regista quase que em permanência, e que a acção imediata se circunscreve na busca constante de respostas para as inquietações que afligem os jovens. Para tal missão é necessário que os Estados estejam emparelhados num único pensamento e que sejam passadas mensagens de esperança aos jovens que, ao que se nota, perante determinadas “derrotas” no campo das perspectivas de vida, parecem aceitar como norma o desânimo, a dor, a falta de esperança e outros tantos dissabores.
Apesar da ambição – o termo deve ser interpretado em máximo sentido positivo- que os jovens por natureza têm para atingir os objectivos, é recomendado também transmitir mensagens que, apesar de uma derrota, a vida continua, sobretudo naquelas situações em a satisfação da nossa necessidade cruza outras instituições e sensibilidades humanas, muitas delas não empreendem a dinâmica necessária quando em causa está a necessidade de promover o bem-estar social de outrem.
Ou seja, na vida, os percalços existem, mas não devem ser considerados impasses permanentes à conclusão dos projectos dos jovens. Aliás, devem, os percalços, ser aceites como elementos catalisador para remover todo o medo e sentimento de que “nunca dará certo” ou “eu mesmo já sou azarado”, etc.
Os jovens devem ser ensinados que, independentemente da quantidade de derrotas que já tiverem na vida, a superação é sempre possível, e isso passa por manter a cabeça erguida e, de forma resiliente, (re) começar da melhor maneira que se aprouver, bem como entender que cada acontecimento negativo ensina alguma coisa, pelas quais se devem estar atentos.
É imperioso, para tudo isso, que os jovens invistam numa formação consistente onde, para além da formalidade de estarem na sala de aula, saibam aprender e pautar como acção permanente, a postura de verdadeiros escravos em busca do conhecimento valorado numa perspectiva eterna, claro, sem descurar a actualização constante ao ritmo das mudanças do quotidiano.
No âmbito da celebração da efeméride, para o caso concreto de Angola, o Executivo, para além das demais obrigações, deverá ter como acção prioritária na sua agenda política, a consciência de que, apesar do país estar a enfrentar momentos difíceis da sua economia, razão bastante para o atraso de alguns projectos direccionados à juventude, devem ser envidados todos esforços que visem proporcionar emprego e a satisfação das necessidades da juventude, que por sinal constitui a maior franja da população angolana.