Ex-militares recebem meios para o serviço de moto-táxi
O município da Quiçama controla mais de 200 ex-militares das extintas FAPLA, FALA e ELNA, desmobilizados no âmbito do Acordo de Bicesse, do Protocolo de Lusaka, bem como do Memorando de Entendimento do Luena
Um total de 42 ex-militares das extintas Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA) e do Exército de Libertação Nacional (ELNA) beneficia, desde segunda-feira, no município da Quiçama, de motorizadasdetrêsrodasparaoserviço de moto-táxi, disse ontem o administrador municipal.
António Fiel Didi esclareceu que os meios estão a ser distribuídos no âmbito de um conjunto de acções de combate à pobreza, promovidas pela Administração Municipal da Quiçama, em colaboração com o Instituto de Reintegração Socioprofissional de Ex-Militares (IRSEM). “O objectivo é minimizar o sofrimento dos ex-militares, que muito fizeram para a conquista da Independência Nacional, em 1975, e pela paz alcançada em 2002”, explicou o administrador do município, avançam que o projecto já beneficiou 16 elementos da vila da Muxima, oito da localidade de Demba Chiu e cinco de Quixinge.
“Nos próximos dias, vamos fazer a entrega de motorizadas a mais oito elementos da localidade de Mumbondo e a cinco ex-militares concentrados em Cabo Ledo”, disse o administrador da Quiçama.
Fragoso Piedade, de 67 anos, manifestou-se satisfeito com o meio recebido, que vai ajudar no escoamento de produtos como a mandioca, feijão macunde e milho.
“Essa motorizada vai-me ajudar muito. A minha lavra fica a oito quilómetros da vila e com a motorizada já não terei dificuldades para chegar até lá. Agora, fica tudo mais fácil”, reconheceu. Outro beneficiário, António Calisto, 69 anos, disse que os alimentos já não vão apodrecer no campo agrícola, localizado a 15 quilómetros da vila da Muxima. “Estou a produzir muita batata-doce, jinguba, repolho e tomate, que agora vou poder transportar sem grandes dificuldades”, disse, para de seguida pedir calma e paciência a outros ex-militares, que ainda não beneficiaram de apoios.
“Tenham calma. Não se precipitem. Um dia, também, chegará a vossa vez, porque o Governo trabalha para melhorar a vida de todos nós”, apelou.
Para Adolfo Cabinda, 55 anos, o meio que recebeu vai contribuir para a melhoria da sua condição de vida.
O ex-militar, desmobilizado em 1992, depois de cumprir sete anos de tropa, disse que agora vai poder desfrutar dos lucros provenientes da produção da mandioca, pimento, beterraba e do chá de caxinde. “Sei que vou ganhar dinheiro a transportar pessoas e vários bens. A motorizada vaime ajudar, também, a reduzir os gastos. Pagava cinco mil kwanzas para trazer os produtos da lavra até à sede da Muxima, para vender”, acrescentou.
João Manuel Teixeira tem consciência de que o meio recebido vai ajudar a minimizar os problemas financeiros e sustentar a família.
O desmobilizado, que combateu nas matas do Bengo, Moxico e Uíge, promete cuidar bem do veículo, que pretende pôr a funcionar como mototáxi. O município da Quiçama controla mais de 200 ex-militares das extintas FAPLA, FALA e ELNA, desmobilizados no âmbito do Acordo de Bicesse, do Protocolo de Lusaka e do Memorando de Entendimento do Luena.