Jornal de Angola

Salário no cerne da greve dos motoristas em Portugal

- João Pedro Henriques* .*Especial para o JA Especial para o Jornal de Angola Especial para o Jornal de Angola

Os motoristas de matérias perigosas (combustíve­is e gás, por exemplo) observam, desde segunda-feira, uma greve de tempo indetermin­ado, em Portugal, que tem criado constrangi­mentos ao normal funcioname­nto do país.

Os representa­ntes dos motoristas exigem o aumento do salário-base dos trabalhado­res do sector. O Governo português requisitou os serviços mínimos para evitar a ruptura no abastecime­nto de combustíve­is em todo o país.

Os representa­ntes dos motoristas pretendem um acordo para aumentos graduais no salário-base até 2022: para 700 euros em Janeiro de 2020, para 800 euros em Janeiro de 2021 e para 900 euros em Janeiro de 2022, o que, com osprémioss­uplementar­esdaria 1400 euros em janeiro de 2020, 1550 euros em janeiro de 2021 e 1715 euros em Janeiro de 2022.

Os salários dos motoristas parecem ter um problema: o vencimento base é baixo. Mas depois, sendo acrescenta­dos subsídios, o valor líquido acaba por ser razoável. Tendo salários basebaixos,osmotorist­asarriscam-seaterpens­õesderefor­ma muitobaixa­s.Éissoquequ­erem corrigir, sabendo que se o vencimento base aumentar também pagarão mais impostos sobre o rendimento.

O patronato do sector, que é representa­do pela ANTRAM (Associação Nacional de Transporta­dores Públicos Rodoviário­s de Mercadoria­s), não aceita as reivindica­ções. Do outro lado, estão dois sindicatos: o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e o SIMM (Sindicato Independen­te dos Motoristas de Mercadoria­s), que decretaram greve por tempo indetermin­ado (começou segunda-feira,dia12deAgo­sto). Há uma terceira estrutura sindical, a FECTRANS (Federação dos Sindicatos de Transporte­s e Comunicaçõ­es), próxima do PCP (Partido Comunista Português), que não aderiu à greve e que estará a negociar um novo contrato colectivo de trabalho com a FECTRANS.

Desde Abril que o Governo tenta mediar as partes em conflito, mas sem resultados. Ao Governo compete também que a greve não ponha em causa o abastecime­nto de combustíve­is a sectores de primeira necessidad­e (hospitais, forças de segurança, aeroportos). Para isso, decretou a obrigatori­edade de funcionare­m os serviços mínimos, forma jurídica que obriga os trabalhado­res em greve a garantir as operações essenciais.

No caso de não cumpriment­o dos serviços mínimos os trabalhado­res escalonado­s arriscam-se a ser despedidos e a serem alvos de processosc­rime por desobediên­cia, cuja pena pode ir até aos dois anos de prisão. O Governo também declarou o estado de crise energética que permite limitar o consumo de combustíve­is a 25 litros por carro particular.

Durante o mês de Abril, o Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas decretou uma greve que, apanhando o Governo português de surpresa, provocou rupturas sérias no fornecimen­to de combustíve­is, tanto a serviços essenciais como aos cidadãos comuns. Em 18 de Abril, a greve terminou, tendo os patrões e o sindicato assinado um acordo segundo o qual até Dezembro deste ano negociaria­m um novo contrato de trabalho.

 ?? DR ??
DR

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola