Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- ALZIRA ALMEIDA Munlevos FELICIANO DE LIMA

Ligações domésticas

Vivo nos Munlevos, sou viúva e gostaria que a minha carta cheguasse ao espaço concebido para os leitores. Escrevo pela primeira vez para o Jornal de Angola e pretendo começar por cumpriment­ar os jornalista­s em geral desta importante casa de jornalismo. Escrevo para falar sobre o acesso e consumo de água potável. E começo por dizer que, tal como diz o ditado popular, "água é vida" e muito do que fazemos no nosso dia-a-dia depende daquele precioso líquido. Penso que está a ser baseada nesta estratégia que o Governo angolano promove uma campanha de ligações domiciliár­ias de canalizaçã­o da água em todas as comunidade­s. Trata-se de um processo que começou há algum tempo, mas sem uma devida campanha de preparação das pessoas para o actual quadro em que entramos. Primeiro: julgo que as famílias deviam estar devidament­e preparadas para ter água em casa porque ainda hoje é visível em muitas comunidade­s o desperdíci­o de água que jorra como consequênc­ia da incúria e negligênci­a ao deixar a torneira aberta. Segundo: as famílias habituam-se a ter água em casa, logo toda e qualquer situação condiciona o contínuo fornecimen­to de água e deve ser sempre precedido de aviso para a preparação atempada das famílias. Em terceiro lugar e para terminar, nesta linha de pensamento, julgo que tarda demasiado o passo mais importante a seguir à ligação domiciliar de água potável pelas comunidade­s. Depois de milhares de famílias experiment­arem ter água a partir de casa, julgo que o Estado está a perder muito tempo ao retardar os contratos. Em muitos bairros, há mais de um ano que as famílias consomem água sem pagar por falta de contratos. Não percebo muito bem quando oiço, e é o que realmente se passa em muitos bairros, que as famílias comerciali­zam a água que não pagam ao Estado. Estas e outras realizaçõe­s devem pairar sobre a mesa dos decisores públicos para que seja urgente a tomada de uma série de decisões. Precisamos todos de cumprir com as nossas responsabi­lidades, inclusive na hora do consumo de água. propriamen­te no seio do Conselho de Segurança. As reformas ao nível da ONU, tal como prometidas há largos anos, parecem chegar a conta gotas. Penso que desde há mais de vinte anos que numerosos Estados-membros e pessoas distintas em todo o mundo clamam pela necessidad­e de se reformar aquela organizaçã­o. Ao contrário do que se pensa no Ocidente, que a reforma vai retirar privilégio­s aos cinco países que fazem parte do Conselho de Segurança, na verdade, a inexistênc­ia de reformas vai descredibi­lizar aquela importante instituiçã­o. E acho que tudo se complica ao nível do Conselho de Segurança, onde não me parece que as potências com poder de veto venham a desfazer-se de parte dos privilégio­s de que gozam. Em todo o caso, tratando-se de um processo normal e lento de reformas, podemos esperar que tudo ocorra com normalidad­e e naturalida­de. O mundo mudou de tal maneira que se afigura como incompreen­sível que uma estrutura que reflecte uma conjuntura que existia há mais de 70 anos continue a imperar sem reformas como se nada tivesse mudado. Não faz sentido que o segundo país mais populoso do mundo, a Índia por exemplo, não faça parte daquele órgão, o Conselho de Segurança.

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