Museu Regional do Lobito parado por falta de verbas
O Museu de Etnografia do Lobito, em Benguela, está com inúmeras dificuldades em termos de organização e estrutura, porque nunca beneficiou de investimentos para manutenção da infraestrutura e conservação de peças e pesquisas, desde que foi reaberto em 1978, informou, ontem, o seu director, Cipriano de Sousa.
O cenário de quase abandono em que se encontra actualmente o museu é, para Cipriano de Sousa, lamentável, por ser já visível o desgaste natural das paredes. Por isso, destaca a importância de fazer-se uma reabilitação profunda, capaz de devolver dignidade à infra-estrutura, assim como falou da existência de um estudo de viabilidade para a reabilitação do edifício.
Além da remodelação da infra-estrutura do museu, a proposta, entregue ao Governo Provincial de Benguela, há alguns anos, contemplava a criação de salas de cinema, para mostrar a história do local, e de conferências, assim como um restaurante. “Tudo indica que o referido projecto vai continuar engavetado”, lamentou, acrescentando que o museu foi excluído das prioridades do Programa de Investimentos Públicos (PIP) da província para 2019, devido a cortes orçamentais.
Elevação adiada
Outra consequência da falta de orçamento é a dificuldade de elevar a instituição, de nível local, à categoria de museu regional, o que impulsionaria a investigação científica e também possibilitaria a conservação, estudo e divulgação do acervo etnográfico.
Actualmente, o museu dispõe de 1.513 peças. A maioria é proveniente da região etnolinguística Lunda-cokwe, não obstante estar localizado no município do Lobito, circunscrição dominada maioritariamente pelo grupo cultural ovimbundu.
A área dos recursos humanos, explicou, também tem tido transtornos, uma vez que muitos dos técnicos são professores formados em Geografia e História, enquadrados na altura em que a Educação e a Cultura eram um único ministério.
Neste momento, conta, o Ministério da Educação precisa dos quadros que se encontram em comissão de serviço. Mas, para contornar a situação, o gestor diz ter proposto ao Governo Provincial de Benguela a abertura de vagas nos próximos concursos públicos.
Dos 26 funcionários do museu, oito estão na área administrativa, nove na museologia e igual número na investigação científica. Um número considerado “insuficiente”, pelo director, tendo em conta a dimensão do acervo etnográfico e o trabalho de pesquisa.
Turismo
Em relação às visitas, Cipriano de Sousa destacou, embora sem revelar números, que não há razões de queixas, isto porque todos os turistas que escalam o Lobito, através de navios de cruzeiro, incluem também no seu roteiro o Museu de Etnografia.
Além disso, reforçou, há boa colaboração com entidades governamentais e de organizações da sociedade civil, bem como escolas que enviam os seus estudantes para adquirirem conhecimentos sobre os objectos etnográficos. O Museu de Etnografia do Lobito data de 1930 e tem um espólio que representa quase toda a cultura angolana.