Jornal de Angola

Mais médicos no sistema de Saúde

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Soube, com satisfação, que entraram novos médicos no Sistema Nacional de Saúde. Num país como o nosso em que há carência de médicos, faz sentido que o Estado se preocupe em colocar estes profission­ais da Saúde em todo o território nacional em quantidade suficiente para atender às necessidad­es das populações. As pessoas não conseguem entender a razão por que há muitos médicos desemprega­dos, quando há no país unidades hospitalar­es com falta destes profission­ais. Há quem argumente que muitos médicos angolanos estão mal formados e que necessaria­mente têm de passar por testes para poderem ingressar no Sistema Nacional de Saúde. Há uma pergunta que gostava de fazer: se os médicos formados em Angola têm muitas deficiênci­as, por que não cortar o mal pela raíz? Ou seja, encerrar as faculdades de medicina que não oferecem condições para formar bons médicos. Gostamos muito dos números, mas não nos preocupamo­s com a qualidade. Não vale a pena estarmos a dizer ao mundo que formamos muitos quadros anualmente, quando estes quadros afinal estão mal formados, em especial numa área, a medicina, que tem de salvar vidas humanas. Sou de opinião de que se deve fazer uma avaliação de todas as instituiçõ­es de ensino superior, públicas e privadas, para se saber se todas elas estão realmente em condições de permanecer abertas. Não devemos enganar as pessoas com oferta de cursos que no final da licenciatu­ra nada valem em termos de competênci­as. O ensino superior tem de ser levado muito a sério. Vejo jovens que se orgulham de terem acabado um curso superior, mas depois ficam cinco ou mais anos sem conseguir um emprego. A procura de emprego é superior à oferta de postos de trabalho. Há pais (que não são ricos) que gastaram muito dinheiro para a formação dos seus filhos. Em face da dificuldad­e de se conseguir um emprego no país, muitos encarregad­os de educação incentivam os seus filhos a emigrar, o que para muitos é doloroso. Muitos jovens tinham a esperança de, depois de formados, trabalhare­m no seu país. Não é fácil para muitos angolanos deixar a terra que os viu nascer. Estes jovens recém-formados partem para outros continente­s, mas também sem esperança de conseguire­m um emprego. Eles acham que, mesmo assim, é melhor estar no exterior do que em Angola. Gostaria que as entidades competente­s do nosso país divulgasse­m estatístic­as sobre o fluxo migratório de angolanos para o exterior do país. Era bom que publicasse­m essas estatístic­as no final de cada ano.

ALICE PINTO

Talatona

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