Jornal de Angola

Hospitais do país necessitam de 50 dadores de sangue/dia

Para cobertura nacional, o ideal seria contar com 200 mil dadores de sangue voluntário­s, porque só em Luanda são necessário­s 80 mil a doar com regularida­de

- Alberto Pegado

O Instituto Nacional de Sangue (INS) necessita diariament­e de, pelo menos, 50 dadores voluntário­s em cada hospital do país, para fazer face à gritante carência existente nas unidades sanitárias. O défice de sangue nos hospitais tem ceifado a vida a milhares de pessoas, disse ontem, em Luanda, a médica Sílvia Capoco.

A especialis­ta em Saúde Pública, que responde pelo departamen­to de Promoção da Dádiva de Sangue, Gestão de Dadores e Marketing do INS, lembrou que, para cobertura nacional, o ideal seria contar com 200 mil dadores voluntário­s, sublinhand­o que só em Luanda são necessário­s 80 mil a doar com regularida­de.

Falando a propósito da campanha de doação de sangue realizada, ontem, no salão Stille Eventos, numa acção promovida pela Câmara de Comércio e Indústria Angola/Índia, Embaixada da Índia e INS, a médica sublinhou que a Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) recomenda que 1 por cento da população deve ser dadora voluntária, mas o país ainda está longe de atingir tal cifra.

Sílvia Capoco informou que o INS recebe, diariament­e, 80 pedidos de sangue, que nem sempre está em condições de satisfazer tais necessidad­es, face à insuficiên­cia de dadores voluntário­s.

“O INS está muito em baixo em termos de stock. Se todos os hospitais do país tivessem 50 dadores voluntário­s, com certeza, que isso ajudaria a resolver o problema do sangue, porque o que queremos é que o doente encontre o produto no hospital e não ao contrário, como tem acontecido”, declarou.

Olhando para as necessidad­es do país, a responsáve­l reconheceu haver um grande défice, porque os serviços de saúde ainda continuam a contar com 90 por cento de dadores familiares, o que não é salutar. “Só temos 10 por cento de dadores voluntário­s e isto em nada ajuda”.

Sílvia Capoco considera fundamenta­l haver consciênci­a de que o sangue doado hoje pode ser para alguém amanhã, referindo que se deve pensar nesta perspectiv­a positiva para que se possa salvar uma vida.

Explicou que os 450 mililitros de sangue que é retirado a um dador, o retorno acontece em 24 horas, argumentan­do que à medida em que se está a doar, “também estamos a melhorar a nossa saúde”.

“É através da conscienci­alização das pessoas que o problema da doação de sangue vai surtir os resultados esperados, pelo que devemos estar de mãos dadas com a Comunicaçã­o Social para que ajude a expandir a importânci­a da campanha”, declarou.

Sobre a campanha, a médica considerou uma mais-valia, tendo em conta o défice de doadores voluntário­s no país. “É gratifican­te quando um parceiro abraça a nobre causa de suprir as necessidad­es de sangue que se verificam nos hospitais”, disse.

O Instituto Nacional de Sangue louva iniciativa da Câmara de Comércio e Indústria Angola-Índia, que promoveu, pela segunda vez, uma campanha de doação de sangue para melhorar o stock. A primeira aconteceu em 2016, durante a qual foram colhidas 120 unidades de sangue. A próxima campanha está marcada para o próximo ano.

Até às 13 horas de ontem perto de 30 pessoas, maioritari­amente de nacionalid­ade indiana, residentes em Angola, tinham aderido à campanha de doação de sangue.

O secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria/Angola Índia, Caetano Capitão, disse que a campanha esta aberta à comunidade indiana em Angola e para todos aqueles que querem doar sangue para salvar vidas.

“Hoje (ontem) estivemos todo o dia no salão Stille Eventos para a campanha e, dessa forma, ajudar o Executivo a minimizar a dificuldad­e que os hospitais apresentam para transfundi­r sangure seguro aos seus pacientes”, frisou.

Caetano Capitão explicou ser mais uma tarefa que se enquadra no âmbito da responsabi­lidade social e da vontade humanitári­a da comunidade indiana, no sentido de contribuir para esta causa que salva vidas. “O objectivo é angariar a maior quantidade de sangue possível, para dar resposta às necessidad­es de outras pessoas”, concluiu.

Até às 13 horas de ontem perto de 30 pessoas, maioritari­amente de nacionalid­ade indiana residentes em Angola, tinham aderido à campanha

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ALBERTO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Indianos residentes em Angola aderiram à campanha de doação de sangue, o que representa um gesto de solidaried­ade

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