Aumentam os casos de malnutrição severa no Hospital Pediátrico
Desde Janeiro foram registadas 218 ocorrências, das quais 20 terminaram em óbitos, na única unidade sanitária de referência para atender todas as crianças da província e que se debate com a falta de camas para internamento
O Hospital Pediátrico de Menongue, na província do Cuando Cubango, registou, desde Janeiro, 218 casos de malnutrição, em crianças até aos cinco anos, dos quais 20 terminaram em óbitos, informou a directora da unidade sanitária.
A maior parte dos casos de malnutrição que dão entrada no hospital pediátrico de Menongue, disse Ilidia Martins, estão directamente ligados ao VIH-Sida e devemse ao desmame precoce, falta de alimentação saudável e doenças prolongadas como a malária, anemia e diarreia aguda.
Segundo Ilidia Martins, o número de crianças desnutridas tende a aumentar, porque muitas mães que dão à luz bebés seropositivos abandonam o tratamento a que a criança devia ser submetida e só regressam à pediatria quando o estado de saúde do filho já é muito grave.
Outra situação prende-se com as mães adolescentes, que muitas vezes voltam a engravidar antes de a criança atingir certa idade, provocando o desmame precoce.
Ilidia Martins disse que o tratamento da doença está a ser feito com base numa dieta regrada, como leite F75, na fase um, e F100, na fase dois, que inclui papa de soja ou farinha de milho, frutas e verduras, bem como a administração de fármacos, para os casos mais graves.
Ilidia Martins assegurou que a unidade sanitária tem todos os medicamentos para o tratamento da doença, desde os fármacos ao leite para acudir os enfermos, acrescentando que a instituição, por meio de palestras, tem aconselhado, sobretudo as mulheres, a terem maior atenção com as crianças, amamentar até aos dois anos de vida e
Depois de receberem alta, em menos de dois meses as crianças voltam ao hospital com um quadro clínico avançado e muitas acabam por morrer, por falta de condições das famílias
dar alimentos ricos em proteínas e vitaminas.
Ilidia Martins disse que, apesar do tratamento que a unidade sanitária tem garantido, depois de receberem alta, em menos de dois meses as crianças voltam ao hospital com um quadro clínico avançado e muitas acabam por morrer, por falta de condições das famílias.
Ilidia Martins apontou ainda outros factores como o desemprego, o que tem dificultado muitas famílias a adquirirem uma cesta básica alimentar aceitável para sustentarem os filhos, sobretudo os mais pequenos.
“Muitas vezes, quando demos alta às crianças, levam leite, papa de soja ou farinha de milho, mas quando acaba os pais não conseguem comprar mais, para dar continuidade ao tratamento, e têm tido recaídas, por isso achamos que o Governo Provincial devia criar um centro para o tratamento e recuperação destes doentes, para poderem ir para casa totalmente recuperados da patologia”, disse Ilidia Martins.
A unidade sanitária conta com dez salas para internamento, com capacidade para seis camas cada, o que não permite manter as crianças por muito tempo no hospital. “Quando apresentam um quadro clínico normal recebem alta, para dar espaço a outros pacientes”.