A interacção entre as administrações municipais e os cidadãos
Tem-se dito frequentemente que a vida começa nos municípios. Mas não basta repetir sempre esta frase. Importa que na prática haja interesse da parte dos administradores municipais em dialogar regularmente com cidadãos, para, com estes, de forma organizada, discutir problemas e encontrar soluções para eles.
Há problemas nos municípios de fácil resolução, os quais não implicam custos elevados. Um administrador municipal deve ser sensível aos problemas básicos da circunscrição que dirige e que ele pode resolver, sem recurso aos órgãos administrativos centrais. Os cidadãos conhecem naturalmente os problemas que os afectam, sendo, por isso, conveniente que quem tem de tomar decisões converse com aqueles que são afectados por uma série de situações negativas.
Os cidadãos têm entendido, em face dos muitos problemas que vivem nos seus municípios, que nem sempre há muito empenho da parte das administrações municipais para resolver problemas simples. Não se pode, por exemplo, entender que um administrador fique vários anos a dirigir um município e não consiga fazer uma diligência para terraplenar ruas secundárias e terciárias. Não se pode também entender que um administrador não se preocupe com as condições higiénicas das várias escolas públicas que existem no município que dirige. Há em muitos municípios escolas sem casas de banho. Será que é assim tão difícil construir casas de banho para professores e alunos?
Estamos independentes há muitos anos. Já é tempo de os governantes assumirem posturas dignas do seu estatuto de servidores do Estado, que tem de estar permanentemente centrado na resolução dos problemas dos cidadãos.
Os cidadãos elegem os governantes para estes promoverem o bem comum, e não para verem os problemas a se agravarem. Queremos servidores públicos actuantes, com capacidade para mudar o que está mal, com celeridade.
A interacção regular entre as administrações municipais e os cidadãos pode ajudar os que dirigem municípios a resolver com eficiência os problemas. O conhecimento da realidade nos municípios, por via do contacto com os cidadãos, é um passo importante para uma boa administração de circunscrições com múltiplos problemas.
É preciso que se acabe com o mau hábito de se trabalhar mais nos gabinetes do que no seio das comunidades. Por vezes fica-se com a impressão de que há administradores que têm dificuldades em interagir com as pessoas residentes dos municípios que dirigem.
Os cidadãos gostam de receber nas circunscrições em que residem os governantes e de saber que estes se preocupam com as suas vidas. Os cidadãos devem ser vistos, como afirmou o ministro da Administração do Território e Reforma do Estado, Adão de Almeida, como parte da solução dos problemas dos municípios.