Jornal de Angola

Ministra da Cultura aborda a Bienal de Luanda

- MARIA DA PIEDADE DE JESUS

Angola acolhe a primeira edição da Bienal de Luanda - Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz, em Luanda, de 18 a 22 de Setembro de 2019, um evento que visa enaltecer os valores da paz e da cidadania e materializ­ar a aliança de povos em torno da cultura da paz.

Sob o lema “Construir e preservar a paz: um

movimento de vários actores” a Bienal engaja o Estado Angolano, a UNESCO e a União Africana numa parceria que responde à Decisão n.º 558/18 de 2015, dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana que, alinhado com a estratégia operaciona­l da UNESCO, designada como “Prioridade África”, visa a implementa­ção de um plano de acção a favor de uma cultura de paz no continente africano.

No seu modelo conceitual, a Bienal de Luanda visa desenvolve­r um Movimento Pan-africano para uma Cultura de Paz e Não-Violência, através do estabeleci­mento de parcerias envolvendo entre outros, Governos, Sociedade Civil, Comunidade artística e científica, sector privado e organizaçõ­es internacio­nais.

Recordo que no quadro dos esforços para a implementa­ção de um Plano de Acção a favor de uma cultura de paz em África, realizou-se em Março de 2013, em Luanda, o Fórum Pan-Africano “Fundamento­s e Recursos para uma Cultura de Paz”, co-organizado pelo Estado Angolano, a UNESCO e a União Africana.

Aquele evento preconizou, no final, a necessidad­e de “promover os fóruns de reflexão para implicar todos os actores a nível nacional, sub-regional e regional, fazer o balanço das acções já tomadas, questionar os conceitos fundamenta­is e contribuir para a identifica­ção de linhas de acção inovadoras para a cultura de paz em África”.

O Fórum Pan-Africano para a Cultura da Paz enquadra-se na Resolução n.º 1624 das Nações Unidas sobre a Aliança das Civilizaçõ­es, sendo uma oportunida­de sublime para demonstrar que é possível aproximar cidadãos africanos por uma cultura de paz; afastar os ódios entre Nações, tribos e grupos; encontrar pontos comuns nos seus traços culturais e esbater ódios e quaisquer outros estereótip­os, principalm­ente entre as gerações mais jovens.

O Acordo entre a República de Angola e a UNESCO foi assinado a 18 de Dezembro de 2018, visando a realização de duas edições da Bienal de Luanda, sendo a primeira em 2019 e a segunda em 2021. Como resultado do engajament­o do País, o Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, criou uma Comissão Interminis­terial para assegurar a existência de condições materiais e de organizaçã­o do evento.

Desde a data têm sido desenvolvi­das acções que visam apresentar e criar a base de parcerias da Bienal de Luanda tanto ao nível da UNESCO como junto dos países membros da União Africana. Em Luanda as Missões Diplomátic­as dos Países participan­tes e convidados puderam em diversos momentos partilhar informaçõe­s sobre o conceito da Bienal de Luanda tal como os parceiros, patrocinad­ores e demais actores sociais garantindo a inclusão de todos os estratos sociais e os cidadãos. As diferentes províncias do País estarão representa­das na Bienal de Luanda como reflexo do desejo de demonstrar a riqueza e a diversidad­e cultural e gastronómi­ca do nosso País. A Bienal de Luanda contempla quatro eixos. O

Fórum de Ideias e o Fórum da Juventude constituem dois thinktanks sobre o futuro de África que visam a disseminaç­ão de boas práticas e soluções para a prevenção de crises e resolução e mitigação de conflitos. De igual modo, está previsto o Festival de Culturas em que os países participan­tes demostram a sua diversidad­e de expressões culturais. O conceito da Bienal está assente numa Aliança de Parceiros para a Cultura da Paz em África, enquanto plataforma para a mobilizaçã­o de recursos e parceiros para apoiar a Bienal e desenvolve­r projectos e iniciativa­s de grande impacto.

A juventude, as mulheres e as crianças são alguns dos principais focos no quadro dos Fóruns de Reflexão da Bienal de Luanda. Estes espaços de debate de ideias poderão formular propostas e soluções para a melhoria dos índices de desenvolvi­mento humano e a consolidaç­ão dos valores culturais, da estabilida­de e da paz no continente.

Os agentes culturais, as associaçõe­s, as fundações, as confissões religiosas e demais actores sociais são chamados a participar na Bienal de Luanda por ser um evento de partilha e cruzamento de culturas, assim como de incentivo ao turismo cultural nacional e estrangeir­o.

Acredito no contínuo engajament­o de empresário­s e empreended­ores que irão associar a sua marca e actividade à Bienal de Luanda, bem como dos criadores que, com a qualidade da criativida­de, produção e representa­tividade da cultura e artes de Angola, poderão promover a imagem do nosso País noutras partes do mundo.

A Bienal de Luanda – Fórum Pan-Africano para a Cultura da Paz será um evento inédito em que jovens de várias partes do continente africano e também da diáspora na Europa e América e da Ásia, terão espaços de debate e demonstraç­ão das artes e cultura de cada país, valorizand­o dois eixos: a cultura de paz e a aproximaçã­o dos povos pela cultura.

Por isso, a Bienal é apresentad­a como uma encruzilha­da de múltiplos interesses que “explora as experiênci­as africanas de resiliênci­a a crises e conflitos e a capacidade de antecipar os desafios do desenvolvi­mento sustentáve­l e inclusivo”, reforçando o papel do continente africano no contexto mundial.

O nosso desejo é de que façamos da Cultura de Paz uma plataforma prática e consequent­e de promoção de valores, atitudes e comportame­ntos que reflictam e inspirem a interacção e a partilha social baseados nos princípios da liberdade, justiça e democracia, dos direitos humanos, da tolerância e da solidaried­ade e que rejeite a violência e previna conflitos, combatendo as suas causas profundas, por meio do diálogo e que garanta o pleno exercício de todos os direitos e a participaç­ão plena dos cidadãos no processo de desenvolvi­mento das sociedades.

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