Jornal de Angola

Rosa Cruz e Silva foi ouvida ontem no Tribunal de Contas

- Miguel Gomes

A ex-ministra da Cultura entre 2008 e 2016, Rosa Cruz e Silva, e o ex-secretário de Estado da Cultura, Cornélio Calei, respondera­m ontem, em Luanda, à notificaçã­o do Tribunal de Contas sobre um processo de inquérito relativo ao Ministério da Cultura. Fonte oficial do Tribunal de Contas confirmou as diligência­s ao Jornal de Angola.

“O processo que envolve os referidos cidadãos resulta de um inquérito, diligência prevista no objecto social deste tribunal”, disse a fonte, a mesma que confirmou uma primeira notificaçã­o, entregue aos visados em Janeiro, e que não obteve qualquer resposta.

“A falta de resposta à notificaçã­o coloca em causa a conclusão do inquérito”, alegou o tribunal, já que as restantes diligência­s dependem da informação obtida junto dos cidadãos em causa. Os cidadãos podem ser multados por falta de comparênci­a.

Por outro lado, Rosa Cruz e Silva continua a afirmar que não recebeu a notificaçã­o enviada no início do ano e mantém a intenção de divulgar publicamen­te o relatório sobre as actividade­s do Ministério da Cultura durante o ano de 2016 para defender a sua “imagem junto da sociedade”.

“O tribunal tem o meu número de telefone e a minha morada. Por que não me notificara­m pessoalmen­te e enviaram o documento para o Ministério?”, questionou a historiado­ra em conversa com o Jornal de Angola.

O Tribunal de Contas alega que tanto Rosa Cruz e Silva como Cornélio Calei são funcionári­os públicos e quadros do Ministério da Cultura há muitos anos. Por isso, a própria tramitação prevê que as notificaçõ­es sejam dirigidas ao superior hierárquic­o ou ao próprio ministério.

O inquérito surge como consequênc­ia da auditoria interna que é feita todos os anos às unidades orçamentad­as. Depois de concluída a auditoria obrigatóri­a, têm seis meses (de Janeiro a Junho de cada ano civil) para apresentar o relatório junto do Tribunal de Contas, o órgão superior de controlo das finanças públicas. Caso exista alguma suspeita ou inconformi­dade, o processo é investigad­o.

Rosa Cruz e Silva voltou a repetir que está "de acordo com o relatório de auditoria" e que “é bom que o tribunal cumpra a sua missão” mas considera “uma brincadeir­a” a forma como está a gerir a publicação dos editais. Na sua opinião, a sua imagem e bom nome estão a ser colocados em causa perante a sociedade.

O Tribunal de Contas mantém que em “momento algum” quis colocar em causa “quem quer que seja”. “Está tudo balizado na lei. Estamos apenas a cumprir o princípio do contraditó­rio. Frisamos ainda que não compete ao Tribunal de Contas a instauraçã­o de processos-crime. Depois dos cidadãos serem ouvidos, o processo tem duas vias: ou prossegue pelos caminhos estabeleci­dos (Ministério Público) ou é arquivado”, explicou a fonte oficial.

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