Manifestantes rejeitam eleições em Dezembro
Dezenas de milhares de manifestantes voltaram a percorrer, no fim- de- semana, as ruas da capital da Argélia e de outras cidades, pela 30ª semana consecutiva, rejeitando a decisão do chefe das Forças Armadas de convocar eleições presidenciais até final de 2019.
Sob a palavra de ordem, “Não às eleições”, esta jornada estava a ser encarada como um teste à capacidade de mobilização do movimento “Hirak”, e ainda à reacção do general Ahmed Gaid Salah, que há dias considerou que a data das eleições presidenciais na Argélia, para eleger um sucessor de Abdelaziz Bouteflika, deve ser anunciada em 15 de Setembro. Esta decisão, caso seja concretizada, significaria que a votação deverá ocorrer 90 dias depois, ou seja, em meados de Dezembro.
A Argélia ainda não elegeu um novo Presidente após Abdelaziz Bouteflika ter sido forçado a resignar, no início de Abril, por pressão popular e com a contribuição da máxima chefia militar. As eleições de 4 de Julho foram anuladas devido à ausência de candidatos.
As manifestações a nível nacional, em particular na capital Argel, iniciaram-se em 22 de Fevereiro, em protesto contra os planos de Bouteflika, que raramente surgia em público após um acidente vascularcerebral em 2013, de se candidatar a um quinto mandato.
O Governo estava assolado pela corrupção, e desde então destacadas figuras do círculo do poder foram detidas, incluindo diversos empresários.
O movimento contestatário exige o afastamento prévio do poder de todos os antigos colaboradores e apoiantes do Presidente deposto, incluindo o actual Presidente interino Abdelkader Bensalah, exchefe do Parlamento e constitucionalmente responsável pela convocação do escrutínio presidencial, e o general Gaid Salah, antes da realização de qualquer eleição no país magrebino. O movimento de protesto pretende a formação de um Executivo de transição credível, que permita um escrutínio livre e sem suspeitas de manipulação eleitoral.” Estamos fartos de generais”, protestavam.