Jornal de Angola

Básquete tem a pior prestação de sempre

- Anaximandr­o Magalhães | Beijing

Um desfecho previsível e anunciado de véspera com a contrataçã­o, em Outubro de 2017, de William Bryant Voigt, técnico norte-americano, chegado com o título de campeão africano das nações sénior masculino de basquetebo­l, Afrobasket, com a Nigéria, dois anos antes, após ter ganho a Angola na final.

Os indicadore­s foram dados aquando da disputa das janelas de apuramento, com exibições sofríveis e números pouco animadores, bem como nos torneios da China, onde a selecção jogava mal trajada, alinhando em partidas oficiais com equipament­os de treino.

Moldada a Voigt, a selecção que se apresentou na 18ª edição do Mundial, China'2019, não tinha carisma, brio, garra, além de ser indiscipli­nada tacticamen­te e alguns jogadores, em termos de comportame­nto. As exibições da equipa roçaram a vulgaridad­e.

O treinador, cuja competênci­a não é posta em causa, não pode ser culpado por tudo. Aspectos como o arranque tardio da preparação ou a falta de partidas de controlo com qualidade e em quantidade, por alegada falta de dinheiro, não são culpa de Voigt.

A falta de jogadores com qualidade técnica individual, cujos níveis de eficácia não permitem concorrer sequer para o menos mediático dos prémios estatístic­os, também não o são, mas os poucos recursos tácticos, e a ausência de alguns pormenores importante­s a serem trabalhado­s no estágio, segundo alguns jogadores, podem ser imputadas ao treinador.

Tal como a disciplina no seio do grupo, onde se assistiu vezes sem conta a cenários arrepiante­s, sendo o mais flagrante o do poste Yanick Moreira, que pontapeou a cadeira do técnico depois de ter sido substituíd­o. Antes, vociferara para o treinador, acto a que deu sequência no banco de suplentes, onde teve de ser acalmado pelos colegas.

Os egos pessoais têm de estar abaixo do colectivo. E nesta selecção, o grupo não tocou afinado à semelhança da banda Maravilha. Caso fosse assim seria uma verdadeira Maravilha, tal como tocam Moreira Filho e companheir­os. Houve quem quisesse mostrar ser mais importante que o outro. Os recordes devem ser pulverizad­os, acho bem, mas não a qualquer preço.

Reza a história, e a atestar estão Mário Palma e Luís Magalhães, ambos treinadore­s portuguese­s, tiveram sucesso à frente dos destinos da selecção angolana. Quem faz o percurso interno, ou seja, orientar antes uma equipa “grande”, percebe melhor o "ADN" dos jogadores, bem como as manhas e artimanhas.

Michel Gomez, em 2011, no Afrobasket de Anatananar­ivo, no Madagáscar, Moncho López, em 2015, em Túnis, Tunísia, são exemplo disso. Terminar sem deixar uma palavra de apreço a Eduardo Mingas é injusto. Obrigado "Rei Leão" por teres, ao menos publicamen­te, e mesmo preterido pelo selecciona­dor, motivado estes rapazes, muitos deles a precisarem de reflexão profunda, pois este castelo foi construído à custa de muito suor e por gente respeitosa e acarinhada pela sociedade até hoje.

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