Angola e o Emirado do Qatar
O Médio Oriente constitui hoje, para muitas economias emergentes, tal como a angolana, um destino preferencial quando se trata da busca de soluções tecnológicas para lidar com desafios ligados à agricultura, ao sector de serviços, investimentos e finanças, energias renováveis, entre outros. A localização geográfica de Angola, com muitas das particularidades que os países da região do Médio Oriente possuem, nomeadamente extenso mar, hidrocarbonetos, clima tropical seco e húmido em determinadas regiões, zona desértica no sudoeste, coloca o nosso país em vantagens para cooperar com os países daquela estratégica região.
As semelhanças e as vantagens comparativas de Angola face aos países da região do Médio Oriente transformam a possibilidade de complementaridade, troca de experiência, investimentos e trocas comerciais com muito mais naturalidade. Precisamos fazer prova do actual momento exigente do país seguindo em frente com as reformas em curso para que os potenciais parceiros de Angola não apenas percebam a irreversibilidade do que se faz hoje, mas também sintam-se instados a “vir, ver e vencer” na base da cooperação mutuamente vantajosa.
O Executivo e todas as outras instituições do país devem continuar na senda em que se encontra, a da moralização de toda a sociedade no sentido em que, para o bem de todos nós, se mudaram os tempos e as vontades para a construção de um país mais virado para o primado da legalidade.
Esse é o desafio de todos os dias, envolvendo a todos, embora alguns insistam em investir na incredulidade relativamente aos actos que se assistem ao nível das instituições de justiça. Apenas com “o trabalho de casa” bem feito vamos ser capazes de, através da diplomacia económica, apresentar lá fora Angola como um cartão de visita com endereços de consulta obrigatória para todos os interessados. Urge trabalhar muito, tal como tem vindo a acontecer, para assegurar que o investidor, o turista e os Estados se sintam motivados a vir fazer negócios em Angola. Numa altura em que há uma grande procura pelos mercados das economias emergentes, é preciso continuar a dar a conhecer o que internamente estamos a fazer para receber de braços abertos todos quantos estejam interessados a empreender em Angola.
E nada melhor que ter também como foco uma das regiões que se assume já como um grande “hub” energético, financeiro e tecnológico. O Médio Oriente detém as maiores reservas mundiais de hidrocarbonetos, embora esteja a evoluir também muito rapidamente na “mestria” das energias renováveis, áreas em que as economias emergentes como a angolana precisam de aprender muito.
A visita do Presidente da República, João Lourenço, ao Emirado do Qatar representa um marco muito importante, sobretudo com a assinatura de vários acordos e a perspectiva de uma cooperação mais "agressiva" com resultados tangíveis para ambos os lados.
“O investimento qatari é bem-vindo. Terá toda a protecção necessária para terem o retorno”, assegurou o Presidente João Lourenço, numa clara alusão de que o país está preparado para os desafios que envolvem a nova fase da cooperação entre Angola e o Emirado do Qatar. Acreditamos que a forma exemplar como Angola o Qatar estão a alinhavar as bases em que se vai processar a cooperação a todos os níveis poderá servir apara atrair outras experiências com as economias da região do Médio Oriente.
O tempo urge, sobretudo quando se trata de fazer bem o que já está em curso. Não há dúvidas de que o sucesso dependerá muito do que as autoridades angolanas, as do Qatar, e os operadores privados dos dois países poderão fazer daqui para frente. Neste aspecto, temos certeza de que Angola está a fazer a sua parte, numa caminhada em que se melhora o que está bem e corrige-se o que está mal, em nome da boa imagem que os angolanos cultivam dentro e fora.