Violência na África do Sul sem vítimas entre angolanos
PRESIDENTE RECEBEU MENSAGEM DE CYRIL RAMAPHOSA
O Presidente da República, João Lourenço, recebeu ontem, no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, em Luanda, do enviado especial do homólogo Cyril Ramaphosa, explicações detalhadas sobre a onda de violência xenófoba na África do Sul. Khulo Mbtaha, assistente para as Relações Internacionais do Presidente da África do Sul, garantiu que não há cidadãos angolanos entre as vítimas dos ataques xenófobos, que se concentram, essencialmente, em Joanesburgo e Pretória.
O Presidente da República, João Lourenço, garantiu ontem, em Brazzaville, a vários investidores de diversas partes do mundo e diferentes sectores da economia, representantes de instituições financeiras internacionais e homólogos, que Angola tem criadas as condições para protecção jurídica dos investimentos, num ambiente de transparência e livre concorrência.
No quadro da jornada para atrair investimentos para o país, o Chefe de Estado deu essa garantia quando discursava na abertura do “Fórum Investir em África” (FIA), que iniciou ontem, no Centro Internacional de Conferência de Kintélé, arredores de Brazzaville.
João Lourenço lembrou que o objectivo é que os homens de negócios, estrangeiros ou nacionais, possam realizar investimento seguro, o que deve ser possível pelo facto de o Executivo estar a implementar um programa de estabilização macro-económica com resultados animadores na consolidação fiscal, redução da taxa de inflação, normalização gradual do mercado cambial e outros indicadores que, em conjunto, contribuem para uma melhoria do desempenho da economia angolana.
Ao apresentar as potencialidades e oportunidades de negócios que o país oferece, o Presidente deixou claro que o país segue uma prática coerente, bem como a aplicação de medidas que têm por objectivo criar condições de estabilidade macro-económica, imprescindíveis à melhoria do ambiente de negócios.
O Chefe de Estado reconheceu que todo este esforço está a ser possível com o apoio do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, com os quais não só tem vindo a trabalhar para melhorar o ambiente de negócios, mas também absorver assistência técnica no capítulo da privatização de mais de uma centena e meia de empresas e activos públicos.
“Em função destes passos que têm vindo a ser dados pelo Executivo, pretendemos deixar claro aos investidores, de uma maneira geral, e aos chineses, em particular, que estão lançadas as bases sobre transparência, livre concorrência e protecção jurídica dos seus investimentos”, disse. O objectivo, sustentou o Chefe de Estado, é que sejam realizados, em Angola, investimentos seguros.
Numa sala com líderes empresariais, representantes de bancos e detentores de capital e tecnologias, o Presidente João Lourenço apresentou um mercado angolano aberto ao investimento em todos os sectores e que, no âmbito da sua decisão de realizar negócios no país, toma em consideração as vantagens da privilegiada localização geográfica e conectividade com outros mercados do mundo por via marítima, ferroviária, rodoviária e com um serviço de telecomunicações de nível aceitável.
Além disso, apresentou uma Angola que dispõe de terras férteis, abundantes recursos hídricos e vastos recursos minerais ainda inexplorados, deixando assente ser intenção do Executivo promover o crescimento do Produto Interno Bruto por via de um “vasto programa de diversificação da economia nacional em cujo contexto se pretende fomentar a criação de pequenas e médias empresas que se dediquem ao processamento de matérias-primas e produção de bens manufacturados e de produtos agrícolas com qualidade e preços que se tornem competitivos no mercado internacional.
O Presidente João Lourenço disse que o país está empenhado em concretizar os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável definidos pelas Nações Unidas para África, através do estabelecimento de sinergias entre o Estado e o sector privado em projectos estruturantes. Por isso, as parcerias devem incidir na gestão e construção de caminhos-de-ferro, eixos rodoviários com cariz estratégico, portos e aeroportos e centrais hidro-eléctricas ou de diferentes fontes de produção de energia alternativas.
Aposta nos jovens
O Presidente afirmou que Angola pretende contribuir na “busca dos caminhos que levem ao desenvolvimento de África”, lembrando que o desafio não terá concretização possível, se não for feita uma aposta reiterada nas pessoas e principalmente nos jovens ao mesmo tempo que entende ser imprescindível apostar na política de qualificação dos povos e promover uma maior socialização do conhecimento e da inovação tecnológica.
Para João Lourenço, esta inovação deve ser aplicada no processo de desenvolvimento ao lado da necessidade de promover um modelo global que respeite a natureza e o ambiente, já que se vive num mundo onde as novas tecnologias assumem um papel incontornável no processo de desenvolvimento das nações.
No discurso de 11 minutos, João Lourenço lembrou que muitos empresários realizam investimentos bem sucedidos em Angola. Daí encorajá-los a expandir os investimentos no país e pediu que transmitam aos outros sobre as múltiplas oportunidades existentes.
China, parceiro comercial
O Presidente da República falou da China, enquanto parceiro do continente, e lembrou que tem desempenhado ao longo de décadas um papel crucial no apoio ao desenvolvimento dos países africanos, tornando-se no primeiro parceiro comercial de África e o país de onde provém uma parte considerável dos investimentos. Neste sentido, destacou que encontros neste formato produzem reflexões profundas sobre a relação entre África e China com vista a obtenção de resultados cada vez mais satisfatórios.
Tímido investimento
O Presidente da República considerou haver, por via do fórum, a possibilidade de debater e reflectir as razões que levam os investidores a canalizarem de forma muito tímida os seus recursos financeiros nos países africanos, apesar do imenso potencial em recursos naturais que dispõem. “É uma questão que deve merecer a nossa atenção para que intensifiquemos as razões, causas e consequentes soluções que ajudem a ultrapassar uma certa retracção com que os homens de negócios encaram os nossos mercados”, disse.