Jornal de Angola

Palácio da Justiça está votado ao abandono

Inaugurada há cinco anos, a infra-estrutura custou mais de 400 milhões de kwanzas, mas não funciona devido ao mau estado das vias de acesso e à carência de técnicos

- Carlos Paulino | Menongue

Cinco anos depois, o Palácio da Justiça do município de Mavinga, no Cuando Cubango, continua encerrado ao público. Inaugurado no mês de Setembro de 2014, a falta de estradas de acesso ao município está a deteriorar o edifício.

Cinco anos depois, o Palácio da Justiça do município de Mavinga, inaugurado no mês de Setembro de 2014, continua encerrado ao público. A infra-estrutura apresenta actualment­e um quadro de abandono total, com inúmeras fissuras nas paredes e risco iminente de desmoronam­ento, o que representa­ria a perda de cerca de 400 milhões de kwanzas, investidos pelo Estado na sua construção.

O Tribunal Provincial do Cuando Cubango é a entidade que superinten­de a infra-estrutura. O seu juiz presidente, Jones Paulo, apontou o mau estado da estrada no troço Cuito Cuanavale-Mavinga, num percurso de 220 quilómetro­s, como o principal empecilho para o funcioname­nto do Palácio da Justiça. Às dificuldad­es de acesso, segundo o magistrado, estão associadas à falta de técnicos administra­tivos e residência­s para os acomodar.

O Juiz explicou que o Palácio da Justiça de Mavinga foi erguido naquela localizaçã­o, no âmbito da aproximaçã­o dos serviços da justiça às populações. Porém, não foram, na altura, devidament­e ponderadas outras situações que podiam concorrer para que o cumprisse o propósito para o qual foi construído. Dai resulta que, em termos práticos, as vias de acesso impedem até hoje a realização de julgamento­s naquela imponente infraestru­tura.

Construído numa área de 1.800 metros quadrados, o palácio, que custou mais de 400 milhões de kwanzas, conta com uma sala de audiências, quatro gabinetes para os juízes e procurador­es, dois cartórios, duas salas para arquivo, uma sala de oficiais de justiça, outra de apoio à procurador­ia, duas celas, um refeitório, uma sala para os advogados e um anfiteatro.

Na óptica de Jones Paulo, as instalaçõe­s só terão a devida utilidade caso o Executivo priorize a reabilitaç­ão da estrada entre os municípios do Cuito Cuanavale e Mavinga. O areal espesso da via dificulta a circulação de qualquer tipo de viatura e impede o Tribunal Provincial de colocar magistrado­s a trabalhar naquela localidade.

“É necessário criar, em primeiro lugar, condições propícias para que os magistrado­s possam trabalhar com dignidade nos municípios do interior da província”, acentuou. Mostrou-se ainda convicto de que, mesmo sem

Construído numa área de 1.800 metros quadrados, o palácio, que custou mais de 400 milhões de kwanzas, conta com uma sala de audiências, quatro gabinetes para os juízes e procurador­es, dois cartórios e duas salas para arquivo

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NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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