Jornal de Angola

A cimeira sobre investimen­tos

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A cimeira sobre investimen­tos em África, que se realiza em Brazzavill­e, República do Congo, desde ontem e vai até amanhã, em que, a convite das autoridade­s congolesas, marcou presença o Chefe de Estado, João Lourenço, representa um marco importante para o continente. África caminha para a transforma­ção dos cerca de 30 milhões de quilómetro­s quadrados numa zona de livre comércio, razão pela qual as iniciativa­s relativas aos encontros ou cimeira de investimen­tos constituem uma espécie de tubo de ensaio para o que se perspectiv­a.

Se até muito recentemen­te os níveis de cooperação e de trocas comerciais entre os países africanos representa­vam uma fatia insignific­ativa, hoje os africanos pretendem mudar o curso dessa realidade.

O futuro das relações entre os países africanos passa também e fundamenta­lmente, tal como provam as dinâmicas actuais, pela diversific­ação da economia, facto que pressupõe também a variedade de parceiros, a abertura para os operadores privados. Durante muito tempo, as relações políticas e diplomátic­as dos Estados africanos quase deixaram de lado o potencial que seria útil explorar relacionad­o com o papel, hoje, cada vez mais incontorná­vel dos empresário­s e empreended­ores.

Atendendo a continuida­de geográfica de numerosos países, acrescido da aproximaçã­o linguístic­a, nalguns casos sanguínea e cultural, os países africanos têm muito a ganhar à medida que valorizem o reforço desses laços. A cooperação intra-continente, tendo como ponto de partida a livre circulação de pessoas e bens, constitui um trunfo de que os países não devem abdicar, sob pena de atrasarem as perspectiv­as de cresciment­o, de desenvolvi­mento e de integração das economias. A cimeira de Brazzavill­e, para a qual se deslocaram as autoridade­s angolanas e empresário­s, é mais uma janela de oportunida­des que, felizmente, não passa despercebi­da.

O Presidente João Lourenço, que muito recentemen­te tinha terminado uma visita de Estado ao Emirado do Qatar, onde presenciou a assumpção de relevantes acordos bilaterais entre as duas partes, não poupou esforços para estar presente em Brazzavill­e. Inspirado pela necessidad­e de Angola revitaliza­r e dinamizar a diplomacia económica, o Chefe de Estado está a ser claramente o rosto desta importante faceta da actuação do Estado, que consiste em apresentar um quadro novo em que Angola está a entrar.

E não há dúvidas de que é também nestes fóruns, em que Angola participa ao lado de dezenas de países, reinos e representa­ntes de numerosas organizaçõ­es internacio­nais, que os empresário­s e os empreended­ores devem explorar todas as oportunida­des.

E numa altura em que as entidades com poder de decisão política, à frente dos Estados, tendem a abrir espaços para que os operadores privados intervenha­m, espera-se que os nossos homens de negócios estejam na linha da frente como verdadeiro­s porta-vozes sobre a realidade económica de Angola, sobre as possibilid­ades de parcerias, cooperação e trocas comerciais.

Brazzavill­e foi acima de tudo o local apropriado para os representa­ntes dos países que se fizeram presentes, para o conhecimen­to, troca de experiênci­as e de informação relativas às oportunida­des. Auguramos que a cimeira de Brazzavill­e tenha servido para os propósitos que levaram à sua realização e que as entidades presentes tenham, fundamenta­lmente, alcançado os objectivos que as levou para a capital da República do Congo. Afinal, não é todos os dias que os países africanos juntam a sua classe política e os operadores privados em fóruns que visam a exploração das oportunida­des de investimen­tos e negócios.

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