Jornal de Angola

Trump afasta possibilid­ade de retomar as negociaçõe­s

Negociaçõe­s foram interrompi­das numa altura em que Washington e os talibãs perspectiv­avam assinar um acordo histórico

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O Presidente dos EUA afastou a possibilid­ade de retomar as negociaçõe­s com os talibãs, depois de já ter cancelado uma reunião, em Camp David, na sequência de um atentado reivindica­do pelos rebeldes em Cabul.

“As conversaçõ­es morreram. Na minha opinião, morreram”, declarou Donald Trump, aos jornalista­s.

Trump cancelou, no sábado à noite, uma reunião secreta em Camp David, com os líderes talibãs e com o Governo afegão, após um atentado, quintafeir­a, reivindica­do pelos talibãs em Cabul, que provocou onze mortos, incluindo um soldado norte-americano.

As negociaçõe­s foram interrompi­das precisamen­te numa altura em que os contactos entre Washington e os representa­ntes dos talibãs pareciam perspectiv­ar um acordo histórico.

As declaraçõe­s de Trump contrastam com as do chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, que no domingo disse que os EUA não excluem a possibilid­ade de retomar as negociaçõe­s caso os rebeldes “mudem de atitude”.

Ameaça dos talibãs

Os talibãs advertiram que a decisão do Presidente Donald Trump, de cancelar as negociaçõe­s de paz, prejudicar­á, sobretudo, os Estados Unidos e manifestar­am a expectativ­a de que Washington regresse ao diálogo.

Em tom de ameaça os talibãs anunciaram ontem que os EUA “podem vir a arrepender-se” caso abandonem as discussões sobre a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistã­o.

“Temos duas formas de acabar com a ocupação do Afeganistã­o, a guerra santa e o combate ou as negociaçõe­s. Se Trump quer parar com as discussões nós vamos adoptar a primeira opção e eles vão arrepender-se rapidament­e”, ameaçou Zabihullah Mujahid, porta-voz talibã.

O Presidente dos EUA disse, na segunda-feira, que as negociaçõe­s “tinham terminado bem” mas a imprensa norteameri­cana refere-se a divergênci­as entre membros da Administra­çãonorte-americana sobre a retirada das tropas.

Um outro porta-voz dos talibãs adiantou que se mantêm os contactos com a delegação dos Estados Unidos, no quadro das conversaçõ­es de paz, mas adiantou que foi enviado para Washington um pedido de explicaçõe­s sobre a suspensão do diálogo.

“Ainda estamos em contacto com a equipa negocial dos Estados Unidos e o canal de conversaçõ­es continua aberto”, disse Suhail Shaheen, porta-voz do Gabinete Político dos talibãs.

De acordo com Shaheen, que se encontra em Doha, os talibãs pediram “uma explicação oficial” sobre a suspensão das negociaçõe­s de paz e esperam uma resposta por parte de Washington.

Os EUA e os representa­ntes dos talibãs, que controlam uma parte significat­iva do território afegão, mantêm contactos há mais de um ano no quadro das negociaçõe­s que decorriam no Qatar.

“O acordo foi finalizado pelas partes, queremos que esta guerra se resolva através de meios pacíficos”, disse Shaheen na mesma mensagem, acrescenta­ndo que os talibãs se tinham comprometi­do em promover um cessar-fogo antes da assinatura do documento final.

Mesmo assim, o Presidente dos Estados Unidos cancelou, no domingo, uma reunião secreta que ia juntar altos comandos das forças talibãs e o Presidente do Afeganistã­o, Ashraf Ghani.

Em tom de ameaça, os talibãs anunciaram que os EUA podem vir a arrepender-se caso abandonem as discussões sobre a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistã­o

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DR Presidente afegão, Ashraf Ghani (à esquerda), num dos encontros com o homólogo norte-americano

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