Peste suína acelera inflação
A inflação na China cresceu em Agosto ao ritmo mais rápido dos últimos 18 meses, impulsionada pela carne de porco, devido à peste suína que deverá ter efeitos inflacionários a nível mundial.
O índice de preços ao consumidor (IPC) da China, o principal indicador da inflação, registou um crescimento homólogo de 2,8 por cento no mês passado, revelou ontem o Gabinete Nacional de Estatísticas chinês.
Este aumento deveuse sobretudo ao preço da carne suína, parte essencial da cozinha, que subiu 46,7 por cento, face ao mesmo mês do ano anterior.
Mais de um milhão de suínos foram abatidos no país, desde que o primeiro caso de peste foi registado há um ano, segundo o ministério chinês da Agricultura.
Para compensar o deficit na produção doméstica, estimado em 10 milhões de toneladas, a China tem aumentado as importações do Brasil e da Europa.
Segundo dados publicados na semana passada pela imprensa estatal chinesa, o valor das importações de carne de porco registou uma subida homóloga de 66 por cento, entre Janeiro e Agosto.
Analistas estimam que, só no mês de Agosto, as importações subiram 150 por cento, face ao mesmo mês do ano anterior, para 350 milhões de dólares.
Beijing impôs taxas alfandegárias de 72 por cento sobre a carne de porco oriunda dos Estados Unidos, como parte da guerra comercial que trava com Washington, pelo que tem recorrido sobretudo a matadouros brasileiros e europeus.
Especialistas prevêem que a China importará mais de dois milhões de toneladas de carne este ano.
A peste suína africana não é transmissível aos seres humanos, mas é fatal para porcos e javalis. A actual onda de surtos começou na Geórgia, em 2007, e espalhou-se pela Europa do leste e Rússia, antes de chegar à China, em Agosto passado.
Inicialmente, Beijing insistiu que estava tudo sob controlo, mas os surtos acabaram por se alastrar a todas as províncias do país.
A situação, que começou por afectar os suinicultores, tornou-se num problema económico.