ÉPOCA BALNEAR
Os casos foram registados pelo Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, de Janeiro a Setembro do corrente ano, em rios e cacimbas de vários municípios, numa altura em que os profissionais de saúde defendem melhores condições de trabalho e de habitabilidade
Trinta pessoas morreram afogadas no Cuando Cubango
O Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB) na província do Cuando Cubango registou, de Janeiro a Setembro do corrente ano, 36 casos de afogamento, dos quais 30 terminaram em óbitos, informou, na cidade de Menongue, o porta-voz em exercício da corporação.
Segundo Soares Inglês, dos casos de mortes registados quatro ocorreram em cacimbas desprotegidas, vitimando crianças menores de cinco anos. Disse que na época balnear 2018/2019 houve um registo de 26 casos de afogamento, com 20 mortes, sendo o município de Menongue o que mais registou ocorrências.
Soares Inglês, disse que os casos de afogamento ocorreram principalmente nos rios Cuebe, Cubango e Cúbia, nos municípios de Menongue, Calai, Cuchi, Dirico e Mavinga, bem como em cacimbas.
Salientou que o SPCB está a levar a cabo várias acções de sensibilização no seio das comunidades, escolas e igrejas, devido os casos de afogamento que se registam com alguma frequência nos rios, lagos e cacimbas da região.
“O objectivo é elucidar toda a população sobre as principais causas que originam os casos de afogamento, assim como os métodos de prevenção, para reduzir-se o número de mortes”, explicou.
Soares Inglês informou que recentemente o Serviço de Protecção Civil e Bombeiros fez o levantamento de nove mil cacimbas, das quais cinco mil encontram-se desprotegidas, situação que constitui perigo, principalmente para os menores. “Estamos a trabalhar na sensibilização da população para a colocação de tampas nas cacimbas, bem como a colocação de placas de sinalização para banhistas, com o objectivo de diminuir as mortes por afogamento”.
Quanto aos ataques de Jacarés, Soares Inglês disse que foram registados no ano passado cerca de seis casos, ao passo que de Janeiro a Setembro deste ano já foram registados dois casos, um na localidade do soba Matias e outro no município do Cuchi, que resultou em morte.
“Neste período, estamos virados mais para as zonas balneares, com a colocação de placas de sinalização, e até agora já foram colocadas mais de 37 placas nas áreas proibidas para os banhos nos rios”, disse, lamentando o facto de muitas placas serem vandalizadas pela população.
Soares Inglês fez saber que estão mobilizados a nível da província mais de 80 efectivos para assegurar as 90 áreas balneares. Sublinhou que para esta época balnear têm material suficiente para a actividade de resgate, nomeadamente coletes salva-vida, bóias, entre outros equipamentos, para intervir nas situações de afogamento. Considerou necessário o envolvimento de todos os cidadãos da província para que se evite mais mortes por afogamento.
Acrescentou que desde Janeiro o Serviço de Protecção Civil e Bombeiros registou mais de 40 casos de incêndios, com um ferido e danos materiais avaliados em mais de quatro milhões de kwanzas, provocados por curto-circuito, negligência, fuga de gás e fogo posto.
Profissionais da Saúde pedem mais condições
Os profissionais de Saúde no Cuando Cubango exortam o Governo local no sentido de melhorar as condições de trabalho e de acomodação no interior da província, onde a situação é descrita como crítica, por falta de vias de acesso, deixando as vilas, aldeias e quimbos completamente isoladas. Segundo o director provincial em exercício da Saúde, Emílio Cambinda, actualmente é quase impossível transferir um doente grave do Rivungo, Mavinga, Nancova, Calai, Cuangar ou Dirico para o Hospital Geral do Cuando Cubango, devido ao mau estado das estradas, associada a falta de transportes.
Sublinhou que esta situação exige dos profissionais de saúde colocados nestas localidades o redobrar de esforços para salvar vidas humanas, um desempenho que, para si, não tem sido reconhecido pelo Governo da província, tendo em atenção as péssimas condições de trabalho.
Além da falta de estradas, os serviços de saúde nas localidades acima descritas são assegurados apenas por enfermeiros, porque os médicos há muito abandonaram os referidos municípios, por falta de condições de trabalho.
Sublinhou que o Cuando Cubango tem cerca de 600 mil habitantes e 103 unidades de saúde, que são asseguradas por 717 técnicos de saúde, 104 enfermeiros e 97 médicos, um número insuficiente para atender a procura.
Disse não ser fácil trabalhar nas condições em que os profissionais da saúde trabalham, porque na maior parte das zonas de difícil acesso apenas existe um enfermeiro.
A vice-governadora para o sector Económico, Político e Social, Sara Mateus, reconheceu haver alguns constrangimentos, mas garantiu que o Executivo tem estado a minimizá-los, através dos programas de municipalização dos serviços da saúde.