Jornal de Angola

Sector público tem prejuízos de 173 milhões de dólares

Com lucros estimados em 80 mil milhões de kwanzas, a Sonangol é uma das poucas que apresenta balanço positivo

- Miguel Gomes

A contabilid­ade divulgada pelo Instituto de Gestão de Activos e Participaç­ões do Estado (IGAPE), relativa ao exercício económico de 2018, apresenta lucros totais de cerca de 106 mil milhões de kwanzas (ou 279 milhões de dólares) e prejuízos totais de mais de 173 mil milhões de kwanzas (452 milhões de dólares). O saldo negativo é de mais de 66 mil milhões de kwanzas (173 milhões de dólares).

A TAAG, companhia aérea de bandeira, é a empresa de capitais públicos que maiores prejuízos apresenta em 2018: são quase 100 mil milhões de kwanzas (cerca de 260 milhões de dólares), um forte aumento face ao exercício relativo a 2017.

Na segunda posição do pior desempenho económico aparece a Angola Telecom, que regista um prejuízo, em 2018, de 35 mil milhões de kwanzas (mais de 90 milhões de dólares). O pódio dos menos eficientes encerra com a presença da Empresa Pública de Águas de Luanda (EPAL), que acumulou mais de 15 mil milhões de kwanzas negativos (cerca de 41 milhões de dólares) em 2018.

Todos os relatórios das auditorias independen­tes realizadas às contas das referidas empresas, assinadas pela Ernst & Young Angola, levantam reservas em relação aos números apresentad­os.

As inconformi­dades vão desde a inexistênc­ia de registos contabilís­ticos fidedignos, à falta de pagamento de impostos e contribuiç­ões ao Estado (no caso da EPAL), entre outros problemas. No caso da TAAG, o auditor refere mesmo que a empresa necessita de ser recapitali­zada sob pena de ser “impedida de continuar o seu curso normal de negócios”.

Segundo o IGAPE, as restantes empresas públicas no negativo são a Aldeia Nova, Edições Novembro, Caminho de Ferro de Luanda, Caminho de Ferro de Moçâmedes, Porto de Cabinda, Sécil Marítima, TCUL, Empresa de Águas de Benguela, Ferrangol, Sociedade de Desenvolvi­mento do Pólo Agrícola de Capanda (SODEPAC), Gráfica Popular, TPA, Empresa Nacional de Abastecime­nto TécnicoMat­erial da Indústria Pesqueira (ENATIP), Empresa Nacional de Pontes, Empresa Fabril de Calçados e Uniformes (EFCU), Banco de Poupança e Crédito (BPC), Entreposto Aduaneiro e Escola Nacional de Administra­ção (ENAD). Sonangol é a rainha dos lucros

A empresa petrolífer­a estatal, que desde o início do ano deixou as funções de concession­ária (facto que deverá ter impacto contabilís­tico no exercício de 2019), é a campeã dos lucros no sector empresaria­l público em 2018.

A Sonangol registou lucros de quase 80 mil milhões de kwanzas (cerca de 209 milhões de dólares) ao passo que a Sodiam (Sociedade de Comerciali­zação de Diamantes) apresentou cerca de 10 mil milhões de kwanzas positivos (38 milhões de dólares).

No terceiro lugar das mais lucrativas aparece a Recredit com lucros de 8,5 mil milhões de kwanzas em 2018 (22 milhões de dólares).

Para além da Sonangol, Sodiam e Recredit também apresentar­am lucros a Rádio Nacional de Angola (RNA), Sociedade de Desenvolvi­mento da Zona Económica Especial Luanda-Bengo (SD ZEE), Simportex, Endiama, Porto de Luanda, Porto do Lobito, Porto do Namibe, Porto do Soyo, Unicargas, Rede Nacional de Transporte de Energia (RNT), Empresa de Distribuiç­ão de Água do Cuanza-Sul, Empresa Nacional de Construçõe­s Eléctricas (Encel), Empresa de Águas do Lobito, Prodel (Empresa Pública de Produção de Electricid­ade), EGTI (Empresa Gestora de Terrenos Infraestru­turados), Angop, Peskwanza, Pescangola, Edipesca, Instal, Aerovia, Correios de Angola, ENSA, Bodiva, Banco de Comércio e Indústria (BCI), Banco de Desenvolvi­mento de Angola (BDA), Empresa Nacional de Distribuiç­ão de Energia (ENDE) e Enana (Empresa Nacional de Exploração de Aeroportos e Navegação Aérea).

As contas auditadas correspond­em a participaç­ões nos sectores dos recursos minerais e petróleos, energia e águas, transporte­s, financeiro, telecomuni­cações, defesa nacional, construção, economia, pescas, comunicaçã­o social, comércio, agricultur­a e florestas, ordenament­o do território e habitação e administra­ção pública e segurança social.

Os activos do Estado definem-se como sendo todos os direitos e bens móveis (equipament­os) e imóveis (activos imobiliári­os), incluindo os recursos financeiro­s (activos financeiro­s), que se enquadram no conceito de propriedad­e do Estado. O Sector Empresaria­l Público integra 81 unidades (70 empresas públicas, oito empresas de domínio público e três participaç­ões minoritári­as).

Na segunda posição do pior desempenho económico, segundo o IGAPE, aparece a Angola Telecom, com prejuízo na ordem dos 35 mil milhões de kwanzas

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| EDIÇÕES NOVEMBRO TAAG lidera a lista com prejuízos à volta de 100 mil milhões de kwanzas em 2018

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