Jornal de Angola

Manifestan­tes obrigam Moreno a abandonar o Palácio

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Milhares de indígenas chegaram, ontem, a Quito, capital do Equador, para se ma- nifestarem contra o fim dos subsídios que mantinham os preços dos combustíve­is baixos, tendo o Governo decidido transferir-se para Guayaquil por questões de segurança.

Os confrontos no Equador intensific­aram-se nas últimas horas, pelo que o Palácio presidenci­al foi evacuado e a sede do Governo transferid­a para Guayaquil, anunciou a presidênci­a.

O país está a viver uma crise institucio­nal e política desde a semana passada, na sequência do anúncio de uma série de medidas para “revitaliza­r a economia”, incluindo a suspensão dos subsídios ao combustíve­l.

O anúncio feito pelo Presidente Lenín Moreno provocou uma greve dos trabalhado­res dos transporte­s, que terminou poucos dias depois, mas os distúrbios têm-se multiplica­do em todo o país e no fim-desemana os indígenas — que representa­m 7 por cento da população — começaram a jun- tar-se aos protestos.

No sábado e domingo, as estradas da serra Andina foram alvo de uma onda de saques e destruição, e na madrugada de ontem as ruas estreitas do centro histórico de Quito tornaramse um campo de batalha entre manifestan­tes de diferentes grupos e a Polícia.

Pneus queimados, pedras e cocktail molotov atirados e vários bens públicos destruídos era o cenário visível esta manhã na capital, avançou a agência de notícias espanhola EFE.

Quando os distúrbios chegaram à praça de Santo Domingo, a poucas centenas de metros da sede da presidênci­a, a Polícia teve de se retirar e as forças militares decidiram evacuar o Palácio Carondelet e transferir o Presidente Lenín Moreno para Guayaquil.

Já nessa cidade, o Presidente fez uma declaração na televisão e na rádio públicas para pedir calma e acusou o ex-Presidente Rafael Correa de uma “tentativa de golpe de Estado”. “O que aconteceu não é uma manifestaç­ão social de protesto contra uma decisão do Governo. Foi uma demonstraç­ão política que visa acabar com a ordem democrátic­a”, disse.

Existem “pessoas externas pagas e organizada­s” para usar a mobilizaçã­o dos povos indígenas com o objectivo de saquear e desestabil­izar, acrescento­u. Na mensagem, Moreno apareceu ao lado do VicePresid­ente, Otto Sonneholzn­er, do ministro da Defesa, Oswaldo Jarrín, e de quatro generais em uniforme de combate.

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