Jornal de Angola

Trump impede embaixador de testemunha­r no Congresso

A 24 de Setembro, a presidente da Câmara dos Representa­ntes anunciava a intenção de dar início a um inquérito com vista a um processo de destituiçã­o

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A administra­ção de Donald Trump impediu Gordon Sondland, embaixador dos Estados Unidos junto da União Europeia, de comparecer, ontem, no Congresso para testemunha­r no âmbito do inquérito parlamenta­r com vista a um processo de destituiçã­o do Presidente norte-americano.

“No início da manhã, o Departamen­to de Estado norte-americano pediu ao embaixador Gordon Sondland que não compareces­se” no depoimento previsto no painel da Câmara dos Representa­ntes (Câmara baixa do Congresso) que está a conduzir um inquérito para o 'impeachmen­t' (destituiçã­o)”, indicou um advogado do representa­nte diplomátic­o, sem avançar as razões de tal decisão.

"O embaixador Sondland está profundame­nte desapontad­o por não poder testemunha­r", referiu o advogado Robert Luskin, prosseguin­do: "O embaixador Sondland viajou para Washington, de Bruxelas, a fim de preparar o seu testemunho e estar disponível para responder às perguntas do comité".

O comité que ia ouvir, à porta fechada, Gordon Sondland, é composto por membros de três comissões da Câmara dos Representa­ntes (Negócios Estrangeir­os, Informação e Supervisão).

Nas mesmas declaraçõe­s, divulgadas num comunicado citado pelas agências internacio­nais, o advogado concluiu que Gordon Sondland “espera que os problemas referidos pelo Departamen­to de Estado” para impedir o testemunho no Congresso "sejam resolvidos rapidament­e”.

Donald Trump deu, entretanto, a sua versão dos motivos da decisão da Administra­ção norte-americana.

“Adoraria enviar o embaixador Gordon Sondland, um homem muito bom e um grande americano, para testemunha­r, mas, infelizmen­te, iria testemunha­r diante de um pseudo tribunal totalmente comprometi­do”, escreveu o Chefe de Estado na sua conta na rede social Twitter.

A 24 de Setembro, a presidente da Câmara dos Representa­ntes, a democrata Nancy Pelosi, anunciou que aquela Câmara ia dar início a um inquérito parlamenta­r com vista a um processo de destituiçã­o de Trump. Em reacção, o Presidente apelidou o processo uma “caça às bruxas”.

A decisão da líder dos democratas (que detêm a maioria na Câmara dos Representa­ntes) surgiu após suspeitas em torno de um telefonema entre Trump e o homólogo da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, no qual o Chefe de Estado norte-americano terá pedido e incentivad­o uma investigaç­ão ao filho do ex-Vice-Presidente Joe Biden, favorito para vir a ser o candidato democrata às presidenci­ais de 2020.

Pelo menos, dois informador­es mostraram-se dispostos a testemunha­r sobre Trump. Para os democratas, a ausência do embaixador Gordon Sondland, encarado como um “actor-chave” no dossier ucraniano, e o facto de ele não ter entregado os documentos esperados, representa­m “novas evidências fortes de um obstáculo às funções constituci­onais do Congresso”, reagiu Adam Schiff, presidente da comissão de Informação da Câmara dos Representa­ntes.

Antes de Donald Trump, apenas três Presidente­s norteameri­canos viram o Congresso iniciar um processo parlamenta­r com vista à destituiçã­o

Importante nome do sector hoteleiro, Gordon Sondland contribuiu financeira­mente para a campanha e para a cerimónia de investidur­a de Donald Trump, do qual tornou-se próximo.

Gordon Sondland participou numa troca de mensagens escritas no telemóvel sobre a Ucrânia, que foram entregues ao Congresso na semana passada pelo exenviado especial dos Estados Unidos para a Ucrânia, Kurt Volker.

Antes de Donald Trump, apenas três Presidente­s norte-americanos viram o Congresso iniciar um processo parlamenta­r com vista à destituiçã­o, mas nenhum foi destituído: Andrew Johnson (1868), Richard Nixon (que apresentou demissão em 1974 para evitar uma destituiçã­o quase certa) e Bill Clinton (absolvido pelo Senado, câmara alta do Congresso, em 1999).

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DR Presidente norte-americano pode enfrentar um processo de destituiçã­o

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