Documentos são das FAA, confirma Higino Carneiro
O deputado Higino Carneiro reconheceu ontem, em tribunal, que os documentos então em posse do ex-chefe do Serviço de Informação e Segurança Militar (SISM), general José Maria, são propriedade das Forças Armadas Angolanas e têm carácter militar e de segurança do Estado sul-africano.
Higino Carneiro foi ouvido pelo Supremo Tribunal Militar como testemunha do general José Maria que está a ser julgado por crimes de extravio de documentos, aparelhos ou objectos que contêm informações de carácter militar e insubordinação.
No mês passado, quando começou a ser julgado, um dos juízes pretendeu saber como José Maria justificava o facto de ter levado os documentos à sua casa, quando estes eram de carácter militar. O general esclareceu que procedeu daquela forma porque os documentos serviriam para continuar a compilar a história sobre a Batalha do Cuito Cuanavale.
Ontem, Higino Carneiro, também ele general, disse que teve contacto com os documentos pela primeira vez em 2014 na altura em que era governador do Cuando Cubango e quando os mesmos foram apresentados aos diplomatas africanos durante uma conferência. A testemunha acrescentou, durante a audição, que os referidos documentos relatavam as operações das Forças Armadas Sul-africanas, da UNITA e das FAPLA.
O juiz questionou Higino Carneiro se, na sua experiência como general e cabo de guerra, documentos do Estado (Forças Armadas Angolanas) e de carácter militar deviam ser retirados da instituição e levados para locais privados. O deputado respondeu negativamente.
O magistrado quis ainda saber se, como general, Higino Carneiro, teria a mesma atitude de José Maria, que negou entregar os referidos documentos, quando solicitado pelo Presidente da República, através de um funcionário do Estado. O deputado respondeu que tudo dependeria se se tratasse de uma ordem directa ou de um despacho.
A testemunha admitiu que quando, no ano passado, José Maria apresentou os documentos relativos à Batalha do Cuito Cuanavale aos deputados do grupo parlamentar do MPLA, este já estava reformado das FAA. Higino Carneiro disse ainda que, na altura, se tivesse conhecimento de que os documentos tinham sido retirados sem autorização, não contactaria o general para fazer a apresentação dos mesmos documentos aos deputados do MPLA.