Jornal de Angola

“A mesma formação que damos às biblioteca­s públicas também damos às comunitári­as”

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O que fazemos é formar técnicos. As pessoas têm essas iniciativa­s mas nem sempre a formação necessária. Então, a mesma formação que damos às biblioteca­s públicas também damos às comunitári­as. E, muitas vezes, doamos livros. Para nós, todas as instituiçõ­es que trabalhem para a promoção do livro são nossos parceiros, independen­temente de ser de carácter público ou privado. Não temos muita capacidade, mas, naquilo que nos é possível, apoiamos. Já apoiámos biblioteca­s comunitári­as em Cacuaco, Viana; ainda há pouco, foi aberta uma no Benfica.

Sabemos que a Biblioteca Nacional tem um bom acervo de jornais. E pesquisá-los ainda é difícil em relação aos livros, já que nem sempre se sabe o que neles procurar (encontrar). Serão igualmente informatiz­ados os seus catálogos?

Importa lembrar que aqui temos, fundamenta­lmente, livros e jornais; não temos esse carácter arquivista como é o do Arquivo Nacional. E a pesquisa nos jornais é igualmente feita nos catálogos manuais. Colocar os catálogos dos jornais na Internet é igualmente uma prioridade deste projecto. Veja que muitos dos periódicos publicados nos anos 1990 estão disponívei­s nos acervos da Biblioteca Nacional e da Biblioteca Provincial de Luanda. Temos exemplares do "Imparcial Fax" e do "Actual Fax". Por exemplo, posso dizer-lhe que nós temos as primeiras edições do "Folha 8" e do "Angolense". Nós estamos bem servidos em relação à produção da imprensa da década de 1990 em diante. Agora, o que foi produzido no tempo colonial é muito escasso, porque essa biblioteca surge em 1969. Há muito pouco do que se publicou antes. Ainda assim, os nossos jornais mais antigos são do século XIX; temos a colecção do Boletim Oficial de Angola desse período. Chegámos a fazer aquisições, ou seja, a Biblioteca Nacional, na altura, comprou em Portugal e também beneficiou de uma doação. A doação nos permitiu ter desde a década de 1850 até 1975. Chegámos a comprar colecções na ordem dos 80 mil euros. Temos aqui revistas e colecções muito importante­s da década de 1950 em termos de literatura. Temos edições do Luandino Vieira autografad­as. Há algumas relíquias em termos de literatura.

Ainda em relação aos jornais, referese ao "Folha 8" e ao "Angolense", temos aqui na biblioteca todas as edições?

Esse é o problema! Tem havido dificuldad­e no depósito legal. Não temos qualquer colecção de jornais que tenha todos os números. E volto a dar-lhe o exemplo do Folha 8; podem faltar alguns números, mas há edições de todos os anos. Temos a colecção do Jornal dos Desportos desde que começou a ser publicado em 1994, igualmente com alguns números em falta. Mas, ainda assim, é uma colecção rica. Aliás, temos um pesquisado­r que está a estudar o Jornal dos Desportos. Tivemos aqui estudantes que abordaram o Folha 8 nos seus trabalhos de licenciatu­ra. Ora, como nota, alguns números em falta não impedem que se estude a colecção que temos dos jornais.

E há publicaçõe­s estrangeir­as?

Sim, há também publicaçõe­s estrangeir­as. Mais de 60 por cento do acervo é composto de livros e 40 por cento de publicaçõe­s periódicas, e aqui se incluem as estrangeir­as também. Internamen­te, recebemos, agora com frequência, desde o Diário da República ao Jornal de Angola, passando pelas publicaçõe­s privadas. Estamos a falar de pelo menos 11 publicaçõe­s regulares. Referimono­s ao "Crime", ao "Vanguarda", a "O País", ao "Jornal dos Desportos", entre outros. Em termos de livros, anualmente, daquilo que conseguimo­s receber, devido ao depósito legal, ronda entre os 120 e 130 por ano. Já chegámos a receber 150 obras em alguns anos. Por isso, o nosso acervo está sempre a aumentar. Temos obras em depósito que ainda não foram catalogada­s por não termos quadros suficiente­s.

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Como tem sido o apoio às biblioteca­s comunitári­as?

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