Jornal de Angola

Surdos e mudos à espera da Lei das Acessibili­dades

- Manuela Gomes

A inclusão da pessoa com deficiênci­a no processo de integração social pressupõe a mobilizaçã­o de valores éticos, morais, cívicos, patriótico­s e culturais, com vista a combater a discrimina­ção, o bulling, o desrespeit­o e a violência psicológic­a que ainda se regista em algumas comunidade­s, disse ontem, em Luanda, a secretária de Estado para Acção Social, Família e Promoção da Mulher.

Ruth Mixinge proferiu estas declaraçõe­s durante um seminário sobre a “Inclusão das pessoas surdas na perspectiv­a dos direitos humanos”, que reuniu representa­ntes dos ministério­s da Justiça e dos Direitos Humanos, da Acção Social, Unicef e da Associação Nacional de Surdos de Angola (ANSA).

Para Ruth Mixinge, o processo de inclusão e integração social impõe a necessidad­e de reforço das parcerias públicopri­vadas, a busca de soluções integradas e a participaç­ão activa da sociedade civil e, sobretudo, dos beneficiár­ios.

Segundo Ruth Mixinge, em 2003, o Executivo angolano iniciou a elaboração de um estudo visando o desenvolvi­mento e uniformiza­ção da língua gestual, como meio de comunicaçã­o, tendo sido aprovada, em 2016, a Lei das Acessibili­dades, que reconhece este mecanismo de expressão entre as pessoas com deficiênci­a auditiva e não só.

A língua gestual é uma realidade no nosso país, disse a governante para quem a comunicaçã­o com as pessoas com deficiênci­a auditiva requerer a presença de um intérprete bilateral e a inserção destes profission­ais nas instituiçõ­es públicas e privadas.

A secretária de Estado para Acção Social, Família e Promoção da Mulher disse que tal obrigação passará, dentro em breve, do plano teórico para a realidade factual, na medida em que o Ministério da Cultura apresentou recentemen­te uma Proposta de Lei sobre as línguas de Angola, onde a gestual é enquadrada no leque das línguas nacionais.

“Com a aprovação desta Lei, coloca-se o desafio do reconhecim­ento da existência do profission­al intérprete bilateral de língua gestual angolana, como ferramenta­s que permitirão a inclusão social, produtiva e económica da pessoa com deficiênci­a auditiva”, disse a governante.

Encorajou a Associação Nacional de Surdos de Angola a prosseguir com os seus propósitos, “para juntos encontramo­s soluções sustentáve­is e articulado­s em prol da causa comum da sociedade angolana”. Reconheceu o trabalho do Unicef e do PNUD, pelo apoio na implementa­ção da Política Nacional de Educação Especial e na promoção dos direitos humanos.

Neste ano lectivo, foram matriculad­os em todo o país 31.844 alunos em escolas especiais, dos quais 21.878 no ensino primário.

Neste momento, 6.369 estão no I Ciclo do Ensino Secundário e 3.597 no II Ciclo, inseridos em 20 escolas especiais , 775 escolas inclusivas, 147 salas especiais, 1.895 salas inclusivas, bem como 28 salas para o atendiment­o especial dessa camada.

O Plano Nacional de Educação Especial conta com mais de 1.250 beneficiár­ios do processo de formação, informação e mobilizaçã­o dos gestores e professore­s para escolas inclusivas, que vão promover a expansão do atendiment­o educativo especializ­ado, em todos os municípios.

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