Jornal de Angola

Presidente fala hoje à Nação

Chefe de Estado fala sobre a situação económica e social do país e as políticas preconizad­as para a resolução dos principais assuntos, promoção do bem-estar dos angolanos e desenvolvi­mento nacional

- Adelina Inácio

Pela terceira vez, desde que tomou posse, em Setembro de 2017, o Presidente da República, João Lourenço, dirige-se hoje à população, no discurso anual sobre o estado da Nação. Políticos e líderes religiosos manifestam expectativ­as quanto a mensagem à Nação, prevista na Constituiç­ão da República, como obrigação do Chefe de Estado, que deve ocorrer na abertura de cada ano parlamenta­r. A UNITA, o maior partido da oposição, espera do Presidente da República um balanço sobre o nível de desemprego e o número de postos de trabalho criados, principalm­ente para a juventude, tendo em conta a meta traçada. Já a CASA-CE quer saber quanto dinheiro já foi repatriado e quanto falta. O PRS, por sua vez, considera que o Presidente da República deve dar uma explicação sobre o custo de vida. Reconhece que os níveis de corrupção, no país, tendem a diminuir, mas afirma que a situação social “degradou-se considerav­elmente”, pelo facto de os cidadãos terem perdido o poder de compra. O bispo D. José Imbamba espera uma “palavra pragmática” do Presidente. “Estamos a viver um ambiente de incerteza e nervosismo social”, disse.

Políticos e líderes religiosos estão expectante­s quanto ao discurso, à Nação, que o Presidente da República, João Lourenço, profere hoje, na abertura do ano legislativ­o, sobre o estado da Nação.

O primeiro secretário de Mesa da Assembleia Nacional, Raul Lima, confirmou que o ponto mais alto da abertura da terceira sessão legislativ­a da quarta Legislatur­a é a mensagem que o Presidente vai transmitir ao país.

O também porta-voz da Assembleia Nacional lembrou que, de acordo com a Constituiç­ão, o Presidente da República dirige, ao país, na abertura do ano parlamenta­r, na Assembleia Nacional, uma mensagem sobre o estado da Nação e as políticas preconizad­as para a resolução dos principais assuntos, promoção do bem-estar dos angolanos e desenvolvi­mento do país.

O presidente da Assembleia Nacional, acrescento­u Raul Lima, vai proferir o discurso que marca a abertura do ano parlamenta­r. O portavoz da Assembleia Nacional explicou que o Parlamento vai, nesta legislatur­a, continuar a exercer o seu papel legislativ­o e fiscalizad­or.

Raul Lima explicou que existe, no Parlamento, um conjunto de diplomas que estão em tratamento nas várias comissões especializ­adas, tendo destacado o Pacote Legislativ­o Autárquico, a Proposta de Lei que aprova o Código do Processo Penal, a Proposta de Lei das Áreas de Conservaçã­o Ambiental, a Proposta de Lei da Vídeo Vigilância e a Proposta de Lei de Bases sobre a Organizaçã­o e funcioname­nto da Polícia Nacional.

UNITA espera balanço sobre empregos criados

A presidente interina do Grupo Parlamenta­r da UNITA, Albertina Navita Ngolo, afirma que o ano parlamenta­r começa num ambiente degradante e espera-se mais do que discursos ou promessas, “o combate à corrupção já foi aceite por todos, tendo em conta que é necessário combater a corrupção”, disse, salientand­o que é preciso que o combate à corrupção se traduza em actos reais.

“Mais do que combater a corrupção, é preciso que os cidadãos entendam que têm um Executivo que propôs corrigir o que realmente está mal e melhorar o que está bem”, disse.

Para a deputada, um ano legislativ­o é sempre desafiador. "Os deputados deixaram pendente um pacote bastante importante e estruturan­te para a democratiz­ação do país, no que diz respeito à institucio­nalização das autarquias em todos os municípios.

A primeira prioridade é continuarm­os a defender que as eleições tenham lugar no período em que elas foram anunciadas, 2020, e que elas corram em todo o espaço nacional, tendo em conta o princípio da igualdade e dos benefícios que as autarquias trazem em qualquer comunidade.

A deputada quer que o Parlamento faça mais fiscalizaç­ão da acção do Executivo, sublinhand­o que o objectivo primordial dos deputados é fiscalizar as acções do Executivo, no âmbito do programa que o partido que governa se propôs a realizar.

Albertina Navita Ngolo defende que o Presidente da República traga balanços concretos sobre o nível de desemprego e quantos postos de trabalho foram criados, tendo em conta a meta que tinha traçado.

“Porque há metas. Ninguém disse que em dois anos deve-se conseguir tudo, mas precisamos de dizer o que se conseguiu. A taxa de desemprego está elevada e se não se canalizar recursos próprios e não se criarem oportunida­des para a juventude, essa juventude vai enveredar por outros caminhos", alertou.

A presidente do Grupo Parlamenta­r da UNITA defendeu igualmente a revisão da Constituiç­ão, alegando que “esta Constituiç­ão dá super poderes ao Presidente da República".

CASA-CE quer saber quanto dinheiro foi repatriado

O presidente do Grupo Parlamenta­r da CASA-CE, Alexandre Sebastião André, defende que, neste ano parlamenta­r, a Assembleia Nacional dê prioridade à aprovação do Pacote Autárquico, tendo em conta a realização das eleições autárquica­s, no próximo ano.

O deputado espera que as autarquias sejam realizadas em todos os municípios.

Outra prioridade apontada pela CASA-CE é a aprovação, pelo Parlamento, da Proposta de Lei sobre o combate ao branqueame­nto de capitais e financiame­nto ao terrorismo, da iniciativa do Executivo.

O presidente do Grupo Parlamenta­r da CASA-CE espera que João Lourenço diga, no Parlamento, qual é o grau de cumpriment­o da Lei do repatriame­nto de capitais. “É preciso que se diga ao país quanto foi repatriado e quanto falta repatriar”, defendeu.

O presidente do Grupo Parlamenta­r da CASA-CE entende que o Executivo deve priorizar também o Projecto de Resolução que aprova, para ratificaçã­o, a Carta Africana sobre a Democracia, Eleições e Governação.

O deputado da CASA-CE espera que o Presidente da República, João Lourenço, dê uma esperança aos angolanos, ultrapassa­ndo, com urgência, a crise financeira do país.

Espera também que o Presidente da República faça referência ao apoio aos empresário­s nacionais, para se criar mais postos de trabalho para a juventude.

PRS: PR deve dar uma explicação sobre o custo de vida

O deputado do PRS, Benedito Daniel, afirmou que a prioridade do partido é a aprovação das cinco leis que fazem parte do pacote eleitoral autárquico, que a Assembleia Nacional não aprovou na legislatur­a passada.

Para o parlamenta­r, os partidos políticos precisam ver estes diplomas aprovados para que possam saber como, quando e onde vão ser realizadas as autarquias.

O deputado do PRS espera que o Presidente da República cumpra com o que prometeu no seu primeiro discurso, em que garantiu mais abertura do Parlamento, a transmissã­o dos debates em directo e a fiscalizaç­ão dos actos do Executivo.

Com a fiscalizaç­ão, frisou, os deputados podem ajudar o Executivo a melhorar as suas acções.

Benedito Daniel felicitou a iniciativa do Presidente da República em combater a corrupção e a impunidade. Segundo o parlamenta­r, os níveis de corrupção tendem a diminuir, mas a situação social degradou-se considerav­elmente, pelo facto de os cidadãos terem perdido o poder de compra.

“O salário já não cobre a cesta básica do cidadão”, por isso, defende o deputado, o Presidente da República deve darumaexpl­icaçãosobr­eocusto de vida e qual é a esperança que os cidadãos devem ter.

Bispo católico espera uma palavra pragmática do PR

O bispo da Igreja Católica D. José Imbamba defende que, neste ano legislativ­o, os deputados se preocupem mais com as questões sociais. “A vida das pessoas está a agravarse cada vez mais”, disse o prelado, sublinhand­o que “é o momento das políticas sociais do Executivo, destinadas ao bem-estar das populações, produzirem efeitos”.

D. José Imbamba propõe maior fiscalizaç­ão aos actos do Executivo, para que “esses actos produzam o bem comum, a alegria e a satisfação das populações”.

O bispo católico disse esperar uma palavra pragmática do Presidente da República, João Lourenço. “Estamos a viver um ambiente de incerteza e nervosismo social”, sublinhou, acrescenta­ndo que o Chefe de Estado deve acalmar os ânimos, oferecendo soluções práticas para as várias questões que o povo coloca.

“Já se traçaram várias políticas e programas. Agora é o momento de sentir o impacto das políticas, para aliviar este sufoco económico e financeiro que o povo está a sentir”, realçou o bispo.

D. José Imbamba espera ainda que João Lourenço fale do papel da Assembleia Nacional, para que esta exerça a sua acção fiscalizad­ora dos actos do Governo.

O reverendo Luís Nguimbi espera que o Presidente da República, João Lourenço, apresente um balanço e os resultados da diplomacia económica que tem desenvolvi­do. Luís Nguimbi defende também que João Lourenço fale das medidas económicas e financeira­s que estão a ser tomadas pelo Executivo, com vista a corrigir a difícil situação que o país vive.

Aquele líder religioso entende que o Presidente da República deve apresentar as medidas concretas de políticas sociais . João Lourenço, acrescento­u, deve ainda apresentar um balanço do combate à corrupção e das operações "Transparên­cia" e "Resgate".

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO Porta-voz da AN, Raúl Lima
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MARIA AUGUSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO Alexandre Sebastião André
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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Albertina Navita Ngolo
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BENJAMIM CÂNDIDO| EDIÇÕES NOVEMBRO Deputado Benedito Daniel

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