Bispos católicos sugerem declaração de emergência
Os bispos católicos de Angola e São Tomé e Príncipe sugerem que algumas regiões do país confrontadas com a fome e a seca sejam declaradas zonas de emergência. Pedem ainda “fiscalização eficiente" dos produtos doados.
Os bispos católicos de Angola e São Tomé e Príncipe sugerem que, algumas regiões do país confrontadas com a fome e a seca, sejam declaradas zonas de emergência, ao mesmo tempo que defendem uma "fiscalização eficiente" dos produtos doados, para que "não sejam desviados nem açambarcados por pessoas sem escrúpulos".
Numa nota pastoral lida no final da II Assembleia Anual da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe (CEAST), realizada na cidade de Saurimo, Lunda-Sul, os bispos defendem a criação de projectos de prevenção e resposta com prazo alargado.
O documento refere que tendo em conta o interesse público e bem comum, seria conveniente que o Estado desse a conhecer, aos cidadãos, o montante da dívida pública angolana e as etapas da liquidação, informando também sobre os montantes de novos empréstimos.
Dinheiro no exterior
Os bispos exortam os cidadãos com dinheiro no exterior "a terem coragem de investir no país" a fim de contribuírem para a melhoria da situação económica que afecta o país.
Com o título "O tempo Urge", a Carta Pastoral faz referência ao desemprego, à seca prolongada no Sul do país que" têm semeado o desespero entre as populações".
Os líderes católicos apelam às autoridades para encontrarem mecanismos destinados à redução dos preços, "quebrando os monopólios e lucros excessivos que proporcionam a um limitado número de pessoas e famílias".
Defendem o envolvimento das forças militares e militarizadas, autoridades tradicionais e movimentos ambientalistas, na luta contra as queimadas, desflorestação desregrada, caça furtiva, tráfego de madeira, garimpo de minérios e outros comportamentos nocivos para o país que hipotecam o futuro.
Na nota pastoral, os bispos recordam que as queimadas descontroladas, a desflorestação crescente por todo o país e o consequente tráfico da madeira, causam danos irreparáveis ao ambiente, aumentando as situações de e erosão dos solos. "Tudo isto origina a fome, a morte de pessoas e gado e, nalguns casos, levando as populações a emigrar para outras regiões e até outros países", refere o documento.
Exortam o Executivo a continuar o esforço destinado a fomentar, em todo o país, escolas, centros de artes e ofícios e formação profissional, cuidandose da qualidade de modo a que se transformem em meios eficazes de aumento da empregabilidade dos jovens e da criação do auto-emprego.
"As medidas que forem tomadas, de carácter ma-cro e micro-económicos, procurem sempre como primeiro objectivo o bem das pessoas e populações e sejam conhecidas e fiscalizadas pelos cidadãos", refere a nota pastoral, que defende maior investimento no domínio da agricultura, sobretudo familiar, e em pequenas indústrias de transformação e armazenamento de produtos.