Jornal de Angola

Kachiungo dispensa concorrer em 2022

- Bernardino Manje

O deputado Estêvão José Pedro Kachiungo, um dos candidatos à liderança da UNITA no XIII congresso ordinário, que se realiza de 13 a 15 do próximo mês, afastou a hipótese de vir a concorrer ao cargo de Presidente da República, caso seja eleito líder do partido. O candidato, que falava ao

Jornal de Angola durante um encontro com membros da direcção da JURA, no âmbito da campanha para a eleição ao “cadeirão máximo” da UNITA, disse que o seu foco está na liderança do partido, razão pela qual abdica da candidatur­a a Presidente da República, em 2022.

“A minha visão é para a UNITA. (Analisar) como é que o partido se deve estruturar nas suas mais variadas valências. Isso leva tempo e implica foco. (Por isso), não tenho pretensões de dirigir o país. Eu quero organizar a UNITA, fazê-la um partido forte, robusto e com projecção para a história”, afirmou Kachiungo, 56 anos, que se sente confortado no papel de um parceiro de quem governa o país.

Os estatutos da UNITA estabelece­m que o líder do partido é o cabeça de lista (candidato a Presidente da República) da formação política nas eleições gerais. No entanto, existe uma tese a ser discutida durante o próximo congresso que pretende alterar essa cláusula, permitindo que o candidato a Presidente da República não seja, necessaria­mente, o líder do partido.

Com a afirmação de não pretender a candidatur­a à Presidênci­a da República, José Kachiungo, derrotado por Isaías Samakuva no congresso de 2011, deixa implícito que é favorável à referida tese ou, pelo menos, não obsta que a mesma seja aprovada.

Durante o encontro com os membros da organizaçã­o juvenil da UNITA, Kachiungo, o mais jovem entre os aspirantes à sucessão de Isaías Samakuva na direcção do partido, chamou a atenção dos delegados ao congresso para não votarem num ou noutro candidato apenas por simpatias.

“Não aceitem candidatos por simpatias ou porque se veste bem. A UNITA é uma coisa muito séria. É a última etapa para a dignificaç­ão do povo angolano”, disse.

O candidato afirmou que está comprometi­do com a causa da UNITA e não com coisas (cargos e/ou benesses). Para Estêvão José Pedro Kachiungo, o conclave de Novembro “é o congresso da depuração daqueles que estão comprometi­dos com as coisas”, exortando, com efeito, os delegados a estarem atentos. “O nosso partido está sob ataque”, alertou o político, para quem o XIII congresso ordinário é a oportunida­de de realinhá-lo.

“Não hipotequem­os o partido”, exortou. Na ocasião, o candidato falou sobre o seu percurso no partido, a que aderiu muito cedo, por influência dos pais, bem como o papel que pensa atribuir à JURA, que considerou o suporte da direcção do partido.

Natural do município do Kachiungo, província do Huambo, Estêvão José Pedro Kachiungo tem uma licenciatu­ra em Ciências Políticas e um mestrado em Administra­ção Pública. No aparelho do partido, já foi director do gabinete do fundador do partido, Jonas Savimbi, membro da delegação da UNITA nas negociaçõe­s de Gbadolite e Bicesse e da “missão externa” do partido, mais concretame­nte em Portugal, onde fez a formação. Actualment­e, é primeiro vice-presidente do grupo parlamenta­r da UNITA.

Além de Kachiungo, que apresenta formalment­e o seu manifesto eleitoral no próximo sábado, em Luanda, concorrem à liderança da UNITA o actual porta-voz do partido, Alcides Sakala, o presidente do grupo parlamenta­r, Adalberto Costa Júnior, e o antigo secretário-geral, Abílio Kamalata Numa.

A candidatur­a do vicepresid­ente cessante, Raul Danda, foi chumbada, pelo facto de o político não ter provado que tem 15 anos de militância ininterrup­a na UNITA. Mas Danda interpôs um recurso para, até ao próximo sábado, tentar provar o contrário.

 ?? BERNARDINO MANJE | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? José Pedro Kachiungo ladeado pelo secretário-geral da JURA
BERNARDINO MANJE | EDIÇÕES NOVEMBRO José Pedro Kachiungo ladeado pelo secretário-geral da JURA

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola