Autarca da cidade abandona o partido
O autarca da cidade de Joanesburgo e político do maior partido da oposição na África do Sul, Herman Mashaba, anunciou, ontem, que renunciou à Aliança Democrática e ao cargo municipal.
“O DA aprovou uma resolução, no domingo, no Conselho Federal a questionar o papel do partido na coligação de governação municipal de que faço parte”.
Mashaba defendeu que as “coligações políticas são o futuro da África do Sul" e afirmou que “há membros no DA que acreditam que a raça é relevante na discussão em torno do combate à desigualdade e pobreza em 2019".
“É por esse motivo que convoquei esta conferência de imprensa para anunciar a minha renúncia do DA. Não continuarei como vereador do partido e, como tal, não poderei continuar a ser autarca. Tive de escolher entre o meu partido e o meu país”, declarou Mashaba.
“Não consigo aceitar que a África do Sul seja hoje um país mais desigual do que era em 1994. Não consigo aceitar que haja pessoas que não entendem que temos um dever patriótico de derrubar o ANC do poder e salvar o nosso país antes que seja demasiado tarde", afirmou.
Mashaba disse que a demissão é efectiva em 27 de Novembro. O autarca de Joanesburgo, capital da província de Gauteng, motor da economia mais industrializada de África, sublinhou que deixa a autarquia “em situação financeira saudável com um balanço positivo de 5,3 mil milhões de rands em reservas em dinheiro e um fundo financeiro avaliado em 2,7 mil milhões de rands”.
A demissão de Mashaba ocorreu 24 horas depois da nomeação, no domingo, da antiga líder do partido, Helen Zille, para o cargo de presidente do Concelho Federal daquela formação política.
“Aderi à Aliança Democrática porque não conseguia aguentar mais ver o meu país a ser desintegrado pela corrupção, fracasso e arrogância do ANC”, salientou Mashaba, ao anunciar a demissão.
Todavia, acrescentou, “o DA deixou de ser o partido que pode dar ao país uma sociedade inclusiva e substituir o ANC na governação”.
Antes da eleição do Concelho Federal do maior partido na oposição, Mashaba disse que deixaria o partido se “elementos da direita” assumissem a liderança daquela formação política.
Mashaba criticou o próprio partido, que considera ser o “mais difícil” no Governo de coligação em Joanesburgo.
Observadores acreditam que a demissão de Mashaba representa uma estratégia de reorganização do DA com vista a ser oposição “mais forte e eficiente” ao ANC, o partido no poder desde 1994. Em 2016, os partidos minoritários votaram com o DA, segundo mais votado com 38,4 por cento (104 mandatos), na eleição de Herman Mashaba.