Membros da Renamo detidos por falsificação de documentos
Elementos da Renamo, em Inhambane, são acusados de falsificar documentos para terem acesso às mesas de voto, numa altura em que este partido diz estar sob “forte pressão” para fazer frente ao que considera ser uma “escandalosa fraude eleitoral”
A Polícia de Moçambique deteve nove membros da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) suspeitos de falsificar certificados de habilitações literárias para se candidatarem a membros das mesas de voto em Inhambane, confirmou ontem à Lusa fonte da corporação.
O grupo do principal partido da oposição foi detido no fim-de-semana, após suspeita e posterior denúncia do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral do distrito de Panda, Sul de Moçambique, disse o portavoz da Polícia da República de Moçambique em Inhambane, Juma Aly.
Segundo a Polícia, o grupo terá falsificado sete certificados da 7ª classe, com conivência do delegado distrital e do chefe do Gabinete de Campanha da Renamo local, que também estão detidos.
“Eles (delegado distrital e o chefe do Gabinete de Campanha) contribuíram na falsificação. Eles é que estavam a formular o processo para que os sete jovens fossem integrados como membros das assembleias de voto”, disse Juma Aly.
Os sete certificados apresentavam a mesma data de emissão e as mesmas notas, tendo sido substituídos apenas os nomes, o que terá, segundo a Polícia, levado às suspeitas dos órgãos eleitorais. O certificado de habilitação literária, no mínimo da 7ª classe, é um dos requisitos para ser membro das assembleias de voto.
O líder da Renamo, principal partido da oposição moçambicana, e candidato presidencial, Ossufo Momade, disse segunda-feira, em Maputo, que a organização está sob pressão para fazer tudo em prol da verdade eleitoral, face à “escandalosa fraude”, noticiou a Lusa.
“O partido Renamo tem estado a receber pressão de todos os quadrantes da sociedade moçambicana e não só, de modo a fazermos tudo para repor a verdade eleitoral”, declarou Ossufo Momade, falando na abertura de uma sessão extraordinária da Comissão Política Nacional. Nesse sentido, o órgão deverá apontar soluções para que o país saia do diferendo eleitoral que emergiu das eleições gerais de 15 de Outubro.
Na reunião, que terminou na noite de segunda-feira, a comissão política da Renamo decidiu “encetar diligências junto da sociedade moçambicana e da comunidade internacional, de modo a encontrar soluções para a reposição da verdade eleitoral”. Segundo a Lusa, a posição consta da declaração lida no final do encontro pelo candidato presidencial, Ossufo Momade, depois de a Renamo ter pedido sábado a repetição das eleições de terça-feira, alegando fraude e rejeitando os resultados que dão vitória com maioria absoluta ao partido no poder, Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), nas três votações - presidencial, Assembleia da República e provinciais. Na declaração de segundafeira não é pedida explicitamente a repetição das eleições, exigindo o partido a “reposição da verdade eleitoral”.
A Frelimo e Nyusi venceram com maioria absoluta as três eleições (presidenciais, legislativas e provinciais) em todos os dez círculos eleitorais onde o apuramento tem vindo a ser divulgado desde sextafeira. O melhor resultado foi obtido na província de Gaza, reduto da Frelimo, com vitórias acima de 90 por cento.
O recenseamento eleitoral no círculo eleitoral de Gaza motivou queixas da oposição e dúvidas de observadores eleitorais por alegadamente incluir 300 mil eleitores a mais em relação à população com idade para votar.