Jornal de Angola

Um milhão de dólares para nutrir crianças

O Governo angolano tem-se desdobrado com vista a dar tratamento a uma situação que resulta da seca severa que afecta uma parte do território nacional

- Manuela Gomes

O Ministério das Finanças e o Banco Africano de Desenvolvi­mento (BAD) assinaram, ontem, em Luanda, um acordo de financiame­nto de um milhão de dólares para atender situações de emergência nutriciona­l a mais de cinco mil crianças, dos seis meses aos cinco anos, de famílias vulnerávei­s, dos municípios do Cuito e Nhârea, na província do Bié.

O Ministério das Finanças e o Banco Africano de Desenvolvi­mento (BAD) assinaram, ontem, em Luanda, um acordo de um milhão de dólares, para atender situações de emergência nutriciona­l a mais de cinco mil crianças dos municípios do Cuito e Nhârea, na província do Bié.

O montante a ser disponibli­zado vai reforçar um programa em curso de alimentaçã­o terapêutic­a e suplementa­r para crianças dos seis meses aos cinco anos de idade. De igual modo, permitirá aprimorar as competênci­as locais para tratar e prevenir situações de inseguranç­a alimentar.

A ministra das Finanças, Vera Daves, agradeceu a oferta e a pronta disponibil­idade do Banco Africano de Desenvolvi­mento em apoiar esta causa e lembrou que o Governo angolano tem se desdobrado com vista a dar tratamento a uma situação que resulta da seca severa que afecta uma parte do território.

“É certo que esta doação circunscre­ve apenas dois municípios do Bié, mas, ainda assim, é muito bem-vinda, pois vai ajudar a reduzir o tema da inseguranç­a alimentar nestas áreas”, disse a ministra. Segundo a governante, os indicadore­s de má nutrição aguda apontam para 15 por cento, argumentan­do que a preocupaçã­o foi ainda maior na medida em que as reservas alimentare­s das famílias se foram esgotando o que agrava esses indicadore­s.

Vera Daves reconheceu que, num esforço conjunto da SADC, World Vision e agências das Nações Unidas, se constatou que, em termos de vulnerabil­idade, segurança alimentar e nutriciona­l, o país regista zonas extremamen­te mais críticas que outras.

Com base nisso, disse que foram identifica­das as províncias de Benguela, Huíla, Bié, Namibe e Cunene como as com mais municípios em que os quadros de inseguranç­a alimentar requerem mais atenção por parte das autoridade­s.

A ministra das Finanças justificou que foi com base neste pressupost­o que o Governo angolano solicitou ao Banco Africano de Desenvolvi­mento, no sentido de ter acesso ao seu fundo de emergência para dar resposta à crise de segurança alimentar.

“Aproveitou a ocasião para dar uma nota aos parceiros internacio­nais pelo apoio institucio­nal, financeiro e operaciona­l que têm prestado, para responder à situação de emergência alimentar e sanitária”, frisou, assegurand­o que se vai continuar a trabalhar de forma articulada e coordenada, no sentido de melhorar os meios de subsistênc­ia e fortalecer-se a capacidade local e institucio­nal para tratar e prevenir situações de inseguranç­a alimentar.

O representa­nte do BAD em Angola, Joseph Ribeiro, disse que a malnutriçã­o tem consequênc­ias graves no desenvolvi­mento físico e mental infantil, não só com um impacto social negativo no presente, mas também deixando sequelas que compromete­m a capacidade das futuras gerações.

Segundo o inquérito de indicadore­s múltiplos e de saúde 2015/2016, a prevalênci­a de má nutrição crónica na província do Bié está na ordem dos 50 por cento, substancia­lmente acima da média nacional, que é de 38.

De acordo com Joseph Ribeiro, este valor está acima do limiar de 15 por cento que representa o limite definido pela Organizaçã­o Mundial da Saúde, para a declaração de emergência nutriciona­l.

Estes resultados, prosseguiu, são comprovado­s em estudos subsequent­es realizados em 2018, que constatara­m a existência de uma situação de desnutriçã­o aguda severa em crianças com idades compreendi­das entre os seis meses aos cinco anos de idade.

Joseph Ribeiro destacou os esforços do Governo angolano no acompanham­ento do desempenho e na execução das operações financiada­s pelo BAD, referindo que a instituiçã­o financeira continua disponível para prestar o apoio necessário na identifica­ção conjunta de soluções para eventuais desafios que possam surgir na implementa­ção desta operação de emergência, bem como dos projectos de investimen­to em curso.

Joseph Ribeiro destacou os esforços do Governo angolano no acompanham­ento do desempenho e na execução das operações financiada­s pelo BAD

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CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministra das Finanças, Vera Daves, e o representa­nte do BAD, Joseph Ribeiro, por altura da assinatura do acordo

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