Jornal de Angola

Colégios propõem aumento das propinas em 10 por cento

Presidente da ANEP, António Pacavira, disse que a actualizaç­ão dos preços nos colégios se deve à realidade que o país atravessa

- Edivaldo Cristóvão

A partir de 2020, os preços das propinas dos colégios particular­es em Angola podem subir até dez por cento do valor cobrado actualment­e, com vista a equilibrar as receitas e despesas destas instituiçõ­es. A informação foi avançada pelo presidente da Associação Nacional do Ensino Particular (ANEP).

A proposta foi apresentad­a durante o IX Congresso Internacio­nal do ensino particular, que decorreu até ontem, em Luanda, com o tema “O ensino particular e cooperativ­o como alavanca do desenvolvi­mento humano e social à escola do século XXI”.

António Pacavira justificou que a actualizaç­ão dos preços se deve à realidade económica que o país atravessa, referindo que, com esta medida, se pretende equilibrar a questão da receita e despesa.

“A proposta foi já entregue ao Ministério da Educação, mas não será oficializa­da sem a homologaçã­o das entidades superiores, sem esquecer o parecer do Ministério das Finanças, que controla o regime de preços vigiados”, frisou.

Com base neste propósito, o presidente da ANEP tranquiliz­ou os pais e encarregad­os de educação, esclarecen­do que o pagamento de propinas não inclui o Imposto do Valor Acrescenta­do (IVA), tendo em conta que a lei de base apenas define que estão incluídos somente os uniformes e o transporte escolar.

“Somos parceiros do Estado e, do ponto de vista de cidadania, temos a missão de ajudar, porque as escolas públicas existentes no país não satisfazem à procura. Para isso, queremos construir mais colégios, formar directores e professore­s de forma contínua”, disse.

António Pacavira referiu, por outro lado, que o desafio de realizar congressos internacio­nais é enorme, porque requer uma boa selecção dos prelectore­s e uma logística grande, por estarem representa­das várias províncias do país.

O Congresso vai transmitir experiênci­a, dinamismo e transforma­ções de Portugal e daquilo que o ensino vem tendo a nível mundial, para contextual­izar com a realidade angolana.

O responsáve­l da ANEP admitiu que todas as crianças nomundonas­cemcomasme­smas potenciali­dades, o que varia são apenas as oportunida­des que o Estado oferece.

“O ensino do Estado tem aspectos que tem de melhorar urgentemen­te, como a questão do rácio escola e aluno, onde se continua a construir infraestru­turas para quatro mil alunos, enquanto se deve apostar num ensino mais personaliz­ado. Nestes casos, o máximo deve ser de dois mil”, alertou António Pacavira.

Explicou ainda que, em relação ao rácio de professore­s e alunos, o Estado tem uma média de 60 alunos por cada sala de aula, ao passo que no ensino privado é apenas agregado por 24 a 30 estudantes. Acrescento­u que os números exagerados dificultam a qualidade da aprendizag­em.

No país, existem 1.955 colégios privados, com cerca de um milhão e 500 mil alunos, destes números, 60 por cento estão congregado­s na ANEP.

O presidente da ANEP garantiu que o ano lectivo vai continuar conforme começou, reforçando que as propinas serão pagas entre Fevereiro e Novembro, excepto aqueles que fazem exames, que têm de pagar até Dezembro.

“Os pais devem estar preparados para os novos desafios que se avizinham, como os exames nacionais. Neste momento, a média de propinas que os colégios cobram é de 10 a 200 mil kwanzas. Os colégios internacio­nais cobram de 200 a 400 mil kwanzas, mas não estão sob a alçada da ANEP”, explicou.

O presidente da Associação do Ensino Particular de Portugal, Luís Virtuoso, considerou o Congresso uma actividade de grande importânci­a para o ensino, porque permite troca de experiênci­as e perceber que a educação é uma acção permanente, daí a importânci­a de ouvir a experiênci­a daqueles que fazem melhor e dos que menos fazem.

Informou que a associação que dirige conta com 600 escolas, entre do ensino básico e secundário, com várias vertentes. “Angola tem a liberdade de educar e de escolhas de escolas e isso é fundamenta­l para um país desenvolve­r”, disse.

O coordenado­r-geral do grupo Ribadouro, que controla as escolas particular­es na cidade do Porto, Portugal, Alfredo Almeida, enalteceu a realização do seminário, realçando que é um acordo feito com o grupo Pitabel, Óscar Ribas e ANEP, como o objectivo de trazer a Luanda parceiros para troca de experiênci­as.

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MARIA AUGUSTA | EDIÇÕES NOVEMBRP Pais e encarregad­os de educação optam pelo ensino privado, muitas vezes, por falta de vagas

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