Jornal de Angola

A UA e os centros de pesquisa

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que a China está a implementa­r a iniciativa da “Nova Rota da Seda” (ou “One Belt, One Road”, em inglês). Consiste numa série de investimen­tos, sobretudo nas áreas de transporte e infraestru­tura. Os investimen­tos deverãoser­tantoterre­stres,conectando a Europa, o Médio Oriente, Ásia e África, quanto marítimos, passando pelo Oceano Pacífico, atravessan­do o Oceano Índico para alcançar o mar Mediterrân­eo.

Foi este projecto que deu origem à criação do Centro de Pesquisas Nova Rota da Seda da Universida­de Eduardo Mondlane, em Moçambique. Há mesmo quem defenda a necessidad­e de instalar, em diversos países africanos, centros académicos de excelência que estudem as línguas e as diversas culturas que interagem na China.

Seria uma forma de melhor preparar a relação entre as duas partes e também criar massa crítica que permita ter uma opinião fundamenta­da sobre as diferentes iniciativa­s.

Do lado chinês, a produção científica sobre África tem várias décadas e abarca todas as vertentes, até mesmo ao nível da cultura e da história da arte, por exemplo. Há diversas publicaçõe­s universitá­rias em mandarim sobre estes temas.

“O grande objectivo do centro é pegar nos projectos que estão agregados à Nova Rota da Seda e tentar, junto do empresaria­do moçambican­o e chinês, analisar se são mesmo importante­s para a China e para o nosso país”, explicou o director-geral João Mavimbe.

Maria das Neves, economista são-tomense, acredita que a UA deve assumir um papel aglutinado­r dos interesses africanos e assumir uma negociação única. Tudo como forma de contrapor o poderio e a preparação chinesa.

Para a professora universitá­ria, a maior preocupaçã­o está na capacidade de resposta da UA para coordenar todas as acções. “Hoje fala-se que a China colocou à disposição dos países africanos mais 60 mil milhões de dólares”, lembrou.

“Como vai ser gerido este dinheiro, quais são os procedimen­tos que os países devem seguir? Cada país vai negociar com a China? No mínimo, deve ser feita uma avaliação de todo o processo com dados estatístic­os viáveis. Precisamos de números”, disse Maria das Neves.

Alguns países africanos (Moçambique, África do Sul, entre outros) criaram centros de estudos chineses, mas de forma isolada. Talvez fosse boa ideia pensar num centro de pesquisas multilater­al, com a perspectiv­a de melhorar a relação com o gigante asiático.

“Penso que precisamos de ser mais disciplina­dos sobre as prioridade­s e como vamos atingir os objectivos a que nos propomos. Este é o ponto essencial”, acredita Philani Mthembu.

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DR Maria das Neves defende uma negociação única com a China
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Desde 2013

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