Património histórico de Luanda
Fiquei satisfeito com o facto de haver preocupação com a preservação da parte velha da cidade de Luanda. Contaram-me que vários arquitectos choraram quando se aperceberam que decisores políticos tinham aprovado a destruição do património cultural e histórico da cidade velha de Luanda, por parte de indivíduos que só se preocupavam com os seus negócios, esquecendo-se que nós, angolanos, temos uma História, que é preciso preservar. Felizmente , os tempos são outros, podendo-se salvar o que ainda resta da Luanda velha. Perante o receio de um punhado de pessoas pretenderem fazer desaparecer do mapa a velha cidade de Luanda, muitos turistas tiravam aos fins-de-semana fotografias na Baixa de Luanda dos nossos monumentos e sítios históricos. Penso que, havendo vontade para se preservar a História da parte velha de Luanda, devia haver preocupação em se financiar o restauro dos monumentos e sítios que sejam classificados como património histórico e cultural.
Um dos momentos mais tristes da minha vida como cidadão angolano, aconteceu quando me apercebi que haviam de destruir a Livraria Lello, onde muitos angolanos, entre os quais governantes, puderam comprar livros valiosos. Lembro-me de uma vez ter cruzado com Oliver Tambo, “histórico” do ANC da África do Sul , na Livraria Lello, nos anos oitenta do século passado. Soube que muitos desses livros vendidos pela Livraria Lello ajudaram angolanos , nos primeiros anos de independência, a elaborar políticas públicas.
Não consigo acreditar que seja possível destruir uma livraria que era fonte de conhecimento. Ela está abandonada há mais de cinco anos e ninguém sabe o que se vai fazer dela. Luanda tem poucas livrarias e, entretanto temos no país mais de vinte instituições de ensino superior, que formam anualmente muitas centenas de jovens.
ALFREDO JOÃO Ingombota