Luanda Velha cria roteiro turístico
CIDADE CENTENÁRIA MOSTRA O LADO HISTÓRICO AO MUNDO
Uma excursão pedestre, ao longo da chamada “Rota dos Escravos”, em Luanda, realizada ontem por uma equipa multissectorial, marcou o início da recolha de informações para a criação de um roteiro turístico da Cidade Velha, que alberga os edifícios mais antigos e parte substancial da História da capital angolana. Para o acto, o Ministério do Turismo juntou gestores de hotéis, arquitectos, historiadores e juristas, afectos a distintas instituições, com a expressa pretensão de envolvê-los nos trabalhos de levantamento de informações e deles colher os contributos necessários. Da Cidade Alta, a comitiva rumou para o Largo do Pelourinho, passando pela calçada com o mesmo nome, por trás da Universidade Lusíada. A história do Pelourinho resume, por si só, a brutalidade da escravatura. Ali, os negros eram expostos em feiras, para exibir os mais robustos e, supostamente, mais resistentes ao trabalho forçado. Sobas que se recusaram a colaborar com o tráfico negreiro foram “exemplarmente” punidos, com pena de morte. A escassos metros do local fica a Rua dos Mercadores, aquela viela que começa na Igreja dos Remédios e desemboca no agora Largo do Atlético.
Uma excursão pedestre, ao longo da chamada “Rota dos Escravos”, em Luanda, realizada ontem por uma equipa multissectorial, marcou o início da recolha de informações para a criação de um roteiro turístico exclusivo à parcela da capital angolana que alberga os edifícios mais antigos e parte substancial da sua História.
Para a empreitada, o Ministério do Turismo juntou, entre outros especialistas, gestores de hotéis, arquitectos, historiadores e juristas, afectos a distintas instituições, com a expressa pretensão de envolvê-los nos trabalhos de levantamento de informações e deles colher os contributos necessários.
O ponto de encontro foi a Universidade Lusíada, para onde a ministra do Turismo, Ângela Bragança, se deslocou por volta das 9h00 da manhã, hora marcada para o início da jornada de campo, que, na verdade, começaria minutos depois na Cidade Alta, centro dos poderes político, religioso e económico em Luanda, ao tempo da escravatura.
Da Cidade Alta, a comitiva rumou para o Largo do Pelourinho, passando pela calçada com o mesmo nome, por detrás da Universidade Lusíada. A história desse local, resume, por si só, a brutalidade da escravatura.
Aqui, os negros eram expostos em feiras, para exibir os mais robustos e, supostamente, mais resistentes ao trabalho forçado. Autoridades autóctones que se recusaram a colaborar com o tráfico negreiro foram “exemplarmente” punidas aqui, com pena de morte.
A escassos metros dali, fica a Rua dos Mercadores, aquela viela que vai da Igreja dos Remédios e que desagua no agora Largo do Atlético, defronte ao Banco de Comércio e Indústria (BCI).
Maria Cristina Pinto, historiadora rica em detalhes que remetem habilmente ao passado, conta que, ao tempo do tráfico de escravos, a Rua dos Mercadores era, toda ela, habitada por comerciantes de escravos. A testemunhar isso estão os sobrados de edifícios, geralmente, tridimensionais, com a parte frontal de baixo a servir de estabelecimento comercial, a interior de armazém para escravos e a superior de residência.
O agora designado Largo do Atlético é, na verdade, um monumento erigido em memória a um capitão português, chamado Luís Lopes de Sequeira, que, aliás, ainda conserva o nome lá, em sítio bem visível e com uma observação no mínimo caricata para os tempos que correm: “Vencedor da Batalha de Ambuíla”, que derrubou o Rei do Kongo, D. António I, há 354 anos.
Reza a História que depois de morto e degolado, a cabeça do Rei do Kongo foi transportada e exibida como troféu ao longo do percurso que vai do actual Largo do Atlético à Igreja dos Remédios, onde ficou exposta o tempo que levou a secar, até ser sepultada.
Além da Paróquia dos Remédios, a excursão abarcou as igrejas da Misericórdia, de Jesus e dos Remédios, que entram na “Rota dos Escravos” por culpa do apoio que, segundo historiadores, os missionários católicos deram ao comércio de escravos.
Calcula-se que tenham saído de Angola, entre 1501 e 1866, perto de 5,7 milhões de escravos, segundo a base de dados americana Atlantic Slave Trade. O país foi uma das grandes fontes emissoras do comércio de escravos desde o século XV até meados do século XIX. E a Igreja desempenhou um papel importante não só na ladinização de escravos, mas no seu comércio.
A história do Largo do Pelourinho resume, por si só, a brutalidade da escravatura. Aqui, os negros eram expostos em feiras, para exibir os mais robustos