Petro vence e está a um ponto do 1º de Agosto
1º de Agosto perde conforto no topo da classificação por falta de pontaria na finalização na disputa com o eterno arqui-rival
Humildade e muito querer foram os pilares da vitória do Petro de Luanda, por 20, sobre o 1º de Agosto, ontem no Estádio Nacional 11 de Novembro, no clássico 79 do futebol angolano, que marcou a 11ª jornada do Girabola, cuja classificação regista um maior equilíbrio no topo, com os arqui-rivais separados agora por um escasso ponto.
Ao aceitar a proposta de controlo dos ritmos de jogo feita por Dragan Jovic, nos rubro e negros, Antonio Cosano encontrou o caminho para o sucesso dos tricolores, inédito no primeiro turno do campeonato diante do adversário que domina o confronto directo entre ambos os emblemas, na nova catedral.
Um golo de belo efeito, pleno de oportunidade e notável execução técnica de Dany, já perto do intervalo, e outro de Mensah, nos derradeiros 10 minutos, deram aos petrolíferos o triunfo que relançou a competição, visto que a vitória dos militares abriria um fosso de sete pontos, vantagem suficiente para os tetra-campeões fazerem uma abordagem confortável da caminhada rumo ao quinto título consecutivo, feito que o clube do Eixo Viário está apostado em inviabilizar, de modo a continuar como único penta.
O Petro foi mais intenso no início do jogo. Com Job colocado numa posição mais central, alteração que deixou a Tony e Tó Carneiro a tarefa de explorar os corredores laterais, o 1º de Agosto viuse obrigado a redobrar os cuidados defensivos, dado o risco de sofrer um golo madrugador. A resposta dos rubro e negros forçou o recuo dos tricolores, que cedo concordaram em aceitar uma posição subalterna.
Ibukun, Buá e Macaia (os mais esclarecidos na equipa militar) ganharam ascendente na disputa no centro do terreno, vantagem desvalorizada pela falta de envolvimento de Ary Papel, nas acções colectivas, e de acerto de Mabululu, que assinou uma cátedra em dois tomos da arte de desperdiçar situações de golo.
Contrariamente às duas vezes anteriores, nas quais empatou (0-0) no Girabola e perdeu (0-2) na meia-final da Taça de Angola, Cosano abriu mão do arreganho competitivo, estratégia que serviu de engodo para adormecer o adversário, sobranceiro na abordagem da partida. Mas ontem os astros estavam alinhados no sentido de premiar quem mais fez para justificar a conquista dos três pontos, enquanto do outro lado avultavam dúvidas que levavam a questionar o paradeiro do candidato de corpo inteiro.
Falta de civismo
Lamentavelmente, no melhor pano caiu a nódoa. Por não existir bela sem senão, os 45 mil espectadores que disseram sim ao chamado da festa do civismo e da cidadania, acabaram por ver, depois do soar do apito de Hélder Martins, a indicar o final do jogo, aquilo que ninguém queria.
Um adepto do Petro foi agredido por apoiantes do 1º de Agosto, descontentes com o resultado. Estava tudo montado para começar e acabar bem, sobretudo depois da manifestação de amor à pátria feita no momento do entoar do “Angola Avante”. O público abafou a ampliação sonora do estádio. Ficou a boa resposta dos adeptos, que mostraram que o clássico dos clássicos continua vivo e enche a nova catedral, apesar da fraca cobertura dos transportes públicos. Avistaram-se longas filas de jovens com as camisolas dos dois clubes a percorrer a pé a Avenida Fidel de Castro, nos dois sentidos, no regresso a casa.