BAD anuncia investimentos de 20 a 50 milhões de dólares
O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) está a preparar um fundo de até 50 milhões de dólares para investimentos nos países lusófonos. A informação foi avançada à agência Lusa em entrevista de Mateus Magala, vice-presidente da instituição e coordenador do Compacto Lusófono para o Desenvolvimento.
“Vamos criar um fundo de 30 a 50 milhões de dólares para investimentos nos países lusófonos africanos, em que nós e outros parceiros podemos participar e depois financiar os projectos de valor de 1 ou 2 milhões de dólares, ou até podemos entrar no próprio projecto”, disse, à margem da reunião extraordinária de accionistas para aprovação do aumento de capital do BAD, em Abidjan, Costa do Marfim.
“Este modelo inovador será apresentado ao comité director no Fórum de Investimento Africano, em Joanesburgo, e traz a solução para o grande problema que temos hoje, que é a limitação de financiamento devido ao volume dos projectos e à capacidade de absorção que os países lusófonos mais pequenos têm”, explicou o banqueiro moçambicano.
A criação do fundo foi a resposta encontrada pelos promotores do Compacto para contornar a política do BAD, que impõe que o banco financie apenas projectos num valor superior a 30 milhões de dólares, o que é um limite demasiado alto para projectos em países com economias mais pequenas, como São Tomé e Príncipe ou a Guiné-Bissau.
“Em todos os projectos, o BAD entra com um valor de até 30 por cento dos 30 milhões, e os outros investidores preenchem o restante. Se for aprovado, o Fundo vai facilitar que países como São Tomé e Príncipe possam beneficiar, mas este modelo não está limitado a esse país, é para todos os países” lusófonos, vincou Mateus Magala.
Para uma economia pequena, como São Tomé e Príncipe, “um projecto de 30 milhões de dólares não é possível, daí a iniciativa, mas não é exclusiva desse país, porque olhando para os outros países lusófonos, também têm um sector privado muito incipiente que pode beneficiar com investimentos numa faixa inferior” ao valor mínimo definido pela política interna do BAD, concluiu.
O Compacto Lusófono é uma iniciativa lançada no final de 2017 pelo BAD e pelo Governo português para financiar projectos lançados em países lusófonos com o apoio financeiro do BAD e com garantias do Estado português, que assim asseguram que o custo de financiamento seja mais baixo e com menos risco.
Este modelo inovador será apresentado ao comité director no Fórum de Investimento Africano, em Joanesburgo
Portugal participa através da SOFID, disponibilizando 400 milhões de euros em garantias a conjugar com financiamento do BAD, que neste Compacto vai apoiar projectos orçados em até 30 milhões de dólares.
Mateus Magala adiantou, ainda, que a Corporação Financeira Internacional, o órgão do Banco Mundial para o sector privado, deverá entrar no Compacto Lusófono até Junho de 2020. “Há um interesse muito grande da Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla em inglês), de bancos europeus e de bancos privados que estão interessados em abraçar o projecto”, disse, acrescentando que “esperamos que a aprovação esteja iminente, e eu diria, numa perspectiva optimista, que no primeiro semestre, quando fizermos os Encontros Anuais do BAD, em Junho, já haja luz verde para os interessados”, vincou o responsável.
Magala adiantou que desde a reunião do BAD em Malabo, Guiné Equatorial, em junho passado, têm decorrido “conversações avançadas com o IFC e com o Banco Europeu de Investimento, e mais recentemente houve avanços”.