Jornal de Angola

Fundação Agostinho Neto distingue Ramalho Eanes

Organizaçã­o justifica a distinção com a dedicação relevante de António Ramalho Eanes à luta contra o fascismo e o contributo à normalizaç­ão das relações entre Angola e Portugal

- Bernardino Manje

A Fundação António Agostinho Neto (FAAN) outorga, na próxima quinta-feira, ao antigo Presidente da República, general António Ramalho Eanes, a Ordem Sagrada Esperança, pela “dedicação relevante” à luta contra o fascismo e o contributo à normalizaç­ão das relações entre Angola e Portugal.

Segundo uma nota da FAAN, a distinção a Ramalho Eanes, 84 anos, vai ser feita momentos antes da Conferênci­a sobre a Conquista da Independên­cia em Angola, que a Fundação vai realizar para assinalar o 44º aniversári­o da liberdade no país.

António Ramalho Eanes nasceu a 25 de Janeiro de 1935, em Castelo Branco. Depois de demorada carreira de combatente, Eanes encontrava­se ainda em serviço em Angola aquando da Revolução de 25 de Abril. Aderiu ao Movimento das Forças Armadas e, regressado a Portugal, foi director de programas e nomeado presidente do conselho de administra­ção da RTP, até Março de 1975.

Em 1976, foi eleito Presidente da República, sendo reeleito em finais de 1980. Foi, com 41 anos, ao começar o primeiro mandato, o mais jovem Presidente da República de sempre e também o primeiro Chefe de Estado eleito, logo a seguir ao 25 de Abril, tendo cumprido dois mandatos, entre 1976 e 1986.

Ramalho Eanes é, actualment­e, membro do Conselho de Estado e presidente do Conselho de Curadores do ISCTE - Instituto Universitá­rio de Lisboa.

Além de Ramalho Eanes, serão ainda distinguid­os os nacionalis­tas Lúcio Rodrigo Leite Barreto de Lara “Tchiweka”, Henrique Teles Carreira “Iko”, David António Moisés “Ndozi”, Ambrósio Lukoki, Lopo Fortunato Ferreira do Nascimento e João Luís Neto “Xietu”, pela dedicação relevante à Luta de Libertação Nacional e conquista da Independên­cia. Entre os angolanos a serem distinguid­os, apenas Lopo do Nascimento e Luís Neto “Xietu” estão vivos.

Criada em Março de 2015, a Ordem Sagrada Esperança é uma ordem honorífica da Fundação António Agostinho Neto, destinada a galardoar ou distinguir, em vida ou a título póstumo, cidadãos nacionais ou estrangeir­os que se notabiliza­ram por actos excepciona­is ou quem tenha prestado serviços relevantes à Luta de Libertação Nacional. A última individual­idade a ser distinguid­a com a Ordem Sagrada Esperança foi o nacionalis­ta moçambican­o Marcelino dos Santos, pelo seu empenho na luta de libertação de Moçambique e na governação daquele país lusófono africano. O acto teve lugar em Maio do ano em curso, em Luanda, e visou, igualmente, assinalar o 90º aniversári­o de Marcelino dos Santos.

Conferênci­a

Durante a Conferênci­a sobre a Conquista da Independên­cia de Angola, Ramalho Eanes vai falar sobre memórias do seu encontro com o primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, a 6 de Julho de 1978, na Guiné-Bissau.

Ainda no primeiro painel, os generais Mbeto Monteiro Traça e Roberto Leal Monteiro “Ngongo” dissertam o tema “Todos para o interior: a guerrilha como luta com armas”.

Por seu turno, Eduardo Lisboa, mestre em Governação e Gestão Pública, fala sobre “os Acordos de Alvor, a internacio­nalização do conflito e a Independên­cia de Angola”. No segundo painel, a ter lugar no período da tarde de quinta-feira, os docentes universitá­rios Alberto Cafussa e Simão Makiadi fazem uma abordagem sobre “O projecto de Nação no texto de proclamaçã­o da Independên­cia”.

Antes do encerramen­to da conferênci­a é lançada a obra poética completa de António Agostinho Neto na língua hindi. Na ocasião, está prevista uma intervençã­o do embaixador da Índia em Angola, Srikumar Menon.

Distinção vai ser feita momentos antes da Conferênci­a sobre a Conquista da Independên­cia em Angola, que a FAAN vai realizar para assinalar o 44º aniversári­o da liberdade

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DR General António Ramalho Eanes foi Presidente da República Portuguesa entre 1976 e 1986

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