Jornal de Angola

Tecnologia Verde

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Philani Mthembu é director executivo do Institute for Global Dialogue (IGD), um think tank (centro de pesquisas) de política e relações internacio­nais, com sede em Pretória, na África do Sul, e que se dedica a pesquisar a diplomacia e geopolític­a africana e internacio­nal.

A imagem de Mthembu rasura a forma como os académicos são vistos publicamen­te. Para além de pouco formal, os longos rastas demonstram que não é preciso andar no cânone da brilhantin­a, fato e gravata.

O IGD foi criado em 1995 e começou por ser financiado pelo Governo alemão. Depois, evoluiu para um modelo de financiame­nto por via da academia (por intermédio da UNISA - University of South Africa e de Organizaçõ­es NãoGoverna­mentais). A África do Sul é o maior parceiro comercial da China em África.

“Os chineses estão cada vez mais atentos em relação ao seu próprio Governo, por causa da poluição e de outras questões”, explica Philani Mthembu. Esta demanda obrigou o Governo chinês a investir em tecnologia verde. O impacto já é visível em Pequim onde o ar está bastante mais respirável do que noutros tempos.

A pressão social está também a fazer subir os custos de produção e a obrigar algumas empresas a repensar a localizaçã­o das suas indústrias. O continente africano tem disponibil­idade de mão-de-obra e procura industrial­izar-se.

“Há algumas oportunida­des mas devemos aprender a partir do que foi mal feito noutras regiões. Se já sabemos que determinad­as indústrias poluem os rios, devemos rejeitar estas propostas”, acredita o professor sul-africano.

“Os chineses precisam de nós, não estamos a fazer-lhes um favor e nem eles a nós. É verdade que há uma história comum que é verdadeira, nós apoiámo-los e eles nos apoiaram. Mas também podemos dizer-lhes, como irmãos e irmãs, que há certas condições que não vamos negociar. A China fez exactament­e o mesmo com as empresas ocidentais”, recordou Philani Mthembu.

Neste momento, estão sobre a mesa três grandes agendas (que podem ser contraditó­rias em determinad­os objectivos): a agenda de cooperação China-África, o Horizonte 2030 das Nações Unidas e a Agenda 2063 da União Africana (UA).

Para a economista Maria das Neves, professora universitá­ria e antiga primeirami­nistra de São Tomé e Príncipe, a cooperação com a China surge com vantagens em relação ao Ocidente, porque “obedece ao princípio da não-ingerência nos assuntos internos africanos”.

“A China é um país altamente industrial­izado mas acredito que, se os países africanos se organizare­m, está aberta uma janela de oportunida­de”, defende.

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DR Philani Mthembu acredita que África deve organizar-se
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