Os nossos dados estatísticos
“Existe uma preocupação abrangente com a falta de estatísticas para monitorizar, de maneira coerente, se África está no caminho certo ou não. Sem dados sólidos, não podemos ter políticas sólidas. Se não se pode avaliar o estado actual, se não se pode dizer exactamente para onde se quer ir, é muito difícil liderar políticas eficientes", afirmou, há dias, Nathalie Delapalme, directora executiva da Fundação Mo Ibrahim.
De facto, as palavras da executiva, em muitos aspectos e em inúmeras áreas, espelham bem como numerosos países andam não apenas em matéria de produção de dados estatísticos e, como consequência, a adopção de medidas e políticas baseadas em estimativas que, não raras vezes, pecam muito por excesso ou por defeito. Por causa desta triste realidade, em muitas regiões e países africanos não há uma percepção exacta do estado e eventuais necessidades de muitas áreas, levando, muitas vezes, a uma desnecessária multiplicação de esforços, dispersão de recursos e retrocesso.
A área da estatística, muitas vezes minimizada por, não poucas vezes, o processo de formulação de decisão política, a muitos níveis, envolver o desconhecimento e a pouca atenção dada àquele importante instrumento, condiciona a efectivação de políticas e conhecimento da sua eficácia. Os números, quando recolhidos devidamente, para fornecer pistas sobre o estado dos sectores-chaves sobre os quais os decisores se baseiam para tomar medidas, devem sempre ter o tratamento adequado.
É verdade que a estatística está presente em muitas áreas, como a saúde e educação, apenas para mencionar estas, e inclusive nas esferas da defesa e segurança, mas a fiabilidade dos dados recolhidos e tratados, algumas vezes, deixa muito a desejar.
Por isso vale sempre a pena reflectir em torno do que a executiva da Fundação Mo Ibrahim ressaltou quando disse que "sem dados sólidos, não podemos ter políticas sólidas. Se não se pode avaliar o estado actual, se não se pode dizer exactamente para onde se quer ir, é muito difícil liderar políticas eficientes”.
Em muitas realidades, os dados estatísticos desempenham um papel determinante na definição das políticas e medidas a serem adoptadas pelas entidades singulares e colectivas, investidas de poder.
Em Angola, não pode ser diferente, razão pela qual precisamos de prestar mais atenção a este importante sector que, como se sabe, existe em muitas esferas da vida social, política, económica e cultural da sociedade angolana.
O trabalho desempenhado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), munido dos recursos humanos e materiais que possui, precisa de continuar a merecer o apoio do Executivo e das outras instituições do Estado para que Angola, ao menos como se disse, seja capaz de " monitorizar, de maneira coerente, se está no caminho certo ou não". E o INE tem-se revelado como uma instituição que realiza um trabalho, cada vez mais vital para o processo de tomada de decisões por parte das entidades investidas de poder. E só com a produção de dados estatísticos fiáveis podemos chegar a este patamar, o da certeza de estarmos a caminhar bem ou não, sem a dispersão de esforços, sem a multiplicação de tempo e trabalho. Valorizemos mais as estatísticas, sobretudo quando materializadas sob o manto da recolha de dados com precisão, fiabilidade e certeza.