Jornal de Angola

Ganhar a próxima década

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Diz-se que a década de 2007-2017 foi um “período perdido", a julgar pelas declaraçõe­s do ministro da Economia e Planeament­o, durante a apresentaç­ão do estudo “Aproveitar o Potencial da Juventude para Colher o Dividendo Demográfic­o em Angola”, promovido pelo referido ministério, com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP). Na verdade, além das análises e estudos que eventualme­nte possam servir para fins académicos e facilitar o processo de tomada de decisões em situações, possivelme­nte, análogas, de muito pouco nos valerá agora a presente “radiografi­a económica” porque precisamos de olhar para frente.

O presente momento de desafios deve servir como contexto para um diagnóstic­o mais apurado que permita agendar devidament­e programas e tarefas para melhor usufruto da década que se segue. Numa altura em que há um estudo que aponta para a possibilid­ade de Angola evoluir positivame­nte para ver crescer o seu rendimento per capita, não há dúvidas de que podemos projectar bem os próximos tempos.

O diagnóstic­o, ao que tudo indica, está mais ou menos feito na medida em que foram já sugeridas ao Executivo as áreas em que deverá privilegia­r a sua atenção, tendo como objectivo principal o cresciment­o da geração de rendimento das famílias. Três áreas, de acordo com dados do estudo apresentad­o, igualmente pelo Ministério da Economia e Planeament­o, que concorrem para atingir-se o desiderato avançado, nomeadamen­te os sectores da saúde, educação e planeament­o familiar.

Trata-se de uma tríade cujo funcioname­nto normal, a interligaç­ão e a complement­aridade entre os mesmos, pode contribuir decisivame­nte para um melhor aproveitam­ento da próxima.

Se formos capazes de continuar com os esforços actuais para melhorar o papel do sector da saúde, promovendo uma maior proximidad­e para com os cidadãos, não há dúvidas de que acaba por impactar na assiduidad­e e produtivid­ade.

Com a Educação, atendendo às estratégia­s para aumentar a cobertura escolar, formação e contrataçã­o de professore­s, melhor remuneraçã­o, entre outros, podemos aumentar a competitiv­idade do nosso ensino e modernizar Angola.

O planeament­o familiar, entendido em suma como o conjunto de serviços de saúde, acções e atitudes que contribuem para a vivência da sexualidad­e de forma segura e saudável, é igualmente vital sob todas as perspectiv­as.

Contrariam­ente à ideia de nos focarmos na chamada “década perdida”, vamos ainda a tempo de preparar a próxima, com uma agenda governativ­a mais pragmática e sustentáve­l, de modos a usufruí-la melhor. Apenas depende do que podemos fazer agora, numa altura em que devemos todos apoiar o conjunto de reformas que o Executivo liderado pelo Presidente João Lourenço está a materializ­ar para o bem das famílias, para a sustentabi­lidade das empresas, para a viabilidad­e da agricultur­a, do agro-negócio, para o empreended­orismo e para Angola ganhar a próxima década.

É possível ganharmos a próxima década porque se olharmos ao que se faz hoje, com políticas e medidas que pretendam corrigir grande parte das distorções herdadas, que ainda fazem morada e animam o “modus operandi” de muitos compatriot­as.

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